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Dia da literatura brasileira: Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores nos últimos anos

FOTO: José Cruz / Agência Brasil

Edmara Carvalho Novaes, professora da Univale e pedagoga, explica que resgatar o hábito da leitura é essencial para o desenvolvimento da escrita e da oralidade

Por Natalia Lima Amaral

Celebrado no dia 1º de maio, o Dia da Literatura Brasileira homenageia o aniversário de José de Alencar, um importante escritor do Romantismo brasileiro. A produção literária no Brasil começou por meio dos relatos dos portugueses ao chegarem no país, que contavam sobre os povos e os locais que encontravam.

Com o passar dos anos, portanto, o Brasil participou ativamente no mercado literário com a publicação de diversos autores, como Clarice Lispector, Lima Barreto, Carlos Drummond de Andrade e muitos outros. Aliás dentro dessa lista também temos Paulo Coelho, escritor, letrista, jornalista e compositor brasileiro que ocupa a 21ª cadeira da Academia Brasileira de Letras. Suas obras já foram traduzidas para 81 idiomas e venderam cerca de 350 milhões de exemplares. “O Alquimista”, por exemplo, vendeu 81 milhões de exemplares.

A importância da leitura

A 5ª edição da pesquisa “Retratos da leitura no Brasil”, desenvolvida pelo Instituto Pró-Livro, aponta que o país perdeu cerca de 4,6 milhões de leitores nos últimos anos. De acordo com Edmara Carvalho Novaes, professora da Univale e pedagoga, começar o hábito da leitura na infância é essencial para o desenvolvimento da fala e da escrita, além de enriquecer o vocabulário. Mas a melhor notícia é que, independentemente da idade, a prática da leitura pode ser reconquistada.

“Quando a criança vai ficando mais velha é importante sempre retomar esse hábito. Isso ajudará nas produções escritas e orais, na interpretação de textos variados e no despertar da criatividade. Com um vocabulário rico, conquistado com a prática da leitura, a desenvoltura em atividades de oratória tende a crescer”, explica a professora.

Quadrinhos também são literatura

De acordo com o Grupo de Estudos de História da Cultura Midiática (Midiacult), da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Unesp, as histórias em quadrinhos foram os maiores segmentos dos quatro maiores grupos editoriais de revistas do Brasil no século XX. De tiras de jornais até a personagem Mafalda, do cartunista argentino Quino, em livros didáticos, essa forma de literatura é eficaz em conquistar diferentes faixas etárias.

Para a professora Edmara, as histórias em quadrinhos ou gibis acabam sendo mais atrativas e divertidas para o público infantil, visto que as crianças podem acompanhar o desenrolar da história por meio das ilustrações. “Isso ajuda até mesmo em uma compreensão. Quando a criança tem contato com esse modelo de literatura, é mais fácil para ela desenvolver a paixão pela leitura e assim desenvolver esse hábito de uma forma consistente”.

FOTO: Divulgação Univale

João Marcos Mendonça, professor do curso de Arquitetura e Urbanismo da Univale, é autor de diversos livros infantis e roteirista da Mauricio de Sousa Produções. Ele explica que as histórias em quadrinhos contribuem ativamente no processo de alfabetização ao combinar textos e imagens para a construção de mensagens. Além disso, os quadrinhos são uma linguagem autônoma, que se relacionam diretamente com elementos da literatura, que dialogam entre linguagens presentes nos nossos dias. 

“Os quadrinhos têm uma linguagem ágil, dinâmica e visual que ajuda a provocar uma imersão na história, que é um dos grandes tesouros na leitura. Vivendo essa experiência, a tendência a experimentar isso nas obras literárias instiga para novas descobertas. O contato com o livro e com a revista em quadrinhos ajuda as crianças e outras pessoas a se familiarizarem com o objeto livro. Além de contribuir para novas experiências de leitura”, completa João.

FOTO: Divulgação Univale

A literatura valadarense

A Festa Literária de Governador Valadares (FLIGV) está se tornando referência para os autores do município e região. A terceira edição da feira contou com a participação de diversos escritores, incluindo os professores da Univale João Marcos, Darlan Correa Dias e Zana Ferreira. Para Zana, a produção literária do interior ainda é pouco valorizada, mas é uma ótima oportunidade para mostrar diferentes “Brasis”.

“Muitas vezes a literatura regional acaba sendo restringida como ‘regionalista’. Além de serem desconsiderados uma grande variedade de culturas, costumes e tradições presentes no país. Além da capacidade de autores do interior de tratarem de questões universais. Acredito que, no geral, as produções do interior enfrentam dificuldades de distribuição e de alcance para serem conhecidas fora do eixo local. Entretanto elas trazem a visão da região e dos anseios da comunidade em determinada época”, explica Zana.

FOTO: Ana Carolina Magalhães

Paixão pela literatura

De acordo com Zana, contribuir ativamente para o crescimento da literatura brasileira é extremamente gratificante. “Minha paixão pela leitura sempre guiou a minha escrita. Sempre busquei fazer textos acessíveis e agradáveis para os leitores, incluindo reflexões necessárias e próximas do cotidiano, sem muito didatismo. E fico feliz por passar adiante o prazer da leitura e a minha marca na produção local e brasileira. Mesmo que o alcance das minhas obras seja limitado, acredito que, por cada pessoa que foi impactada positivamente pelas minhas escritas, meu trabalho já valeu a pena”, comenta.

João Marcos, autor do livro Escola de Passarinhos, conta com muita alegria sobre poder contribuir ativamente para a literatura brasileira e poder despertar no outro o amor pela leitura. “Recentemente recebi o depoimento de uma pessoa que deu um dos meus livros para o seu irmão que não gostava de ler, que tinha uma rejeição quanto aos livros, pois achava chato. Para minha alegria, ele não só gostou do livro como quis saber se existiam outras histórias como aquela. É assim que nasce um leitor”, comenta.

Comments 1

  1. Maurício says:

    Não só leitores, parece que perdeu comentadores também.

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