Luiz Alves Lopes (*)
Vivenciamos tempos de ouro em que as matinês dos domingos eram aguardadas com ansiedade não pelo filme em si, mas pelo capítulo do seriado ou mesmo pequenos momentos exibidos pelo canal 100 relativos a grandes jogos do futebol brasileiro, quase sempre do exuberante futebol carioca da época.
Vivenciamos tempos de ouro em que as ‘gerais’ dos estádios de futebol no Brasil sintetizavam um espetáculo à parte, com os torcedores de ambas as esquadras se aglomerando, vibrando, torcendo e comemorando sem a necessidade de separação alguma, tudo sempre acompanhado de uma sacolinha de pipocas, limonada, laranjada ou mesmo de um picolé de groselha.
Vivenciamos tempos de ouro em que grandes craques do futebol brasileiro (craques mesmos, não os teimosos de hoje) assinavam contratos em branco, sem definição salarial, demonstrando amor incomum aos clubes que defendiam e nos quais eternizavam-se como grandes futebolistas.
0 mundo mudou. Embruteceu. 0 futebol, também. Virou negócio, negócio da China, negócio do Japão, negócio das Arábias, enfim, negócio em todo o mundo. Até os Americanos se envolveram, gostaram e estão se achando.
No passado, nos antigamente, se dizia que o Brasil era o país do futebol. Pode ser, pode ter sido, certamente não o é mais. Quando muito, mais um envolvido ‘no negócio’ que virou a modalidade esportiva que já foi o esporte das multidões.
Por inúmeras razões, inclusive social, o brasileiro é um apaixonado pelo futebol. Hoje os pais ou responsáveis pelo menor, não necessariamente o próprio menor, sonham em vê-lo transformado em futebolista profissional, buscando uma independência financeira, um futuro digno, uma felicidade plena. No mínimo aceitáveis visão e propósito.
0 futebol brasileiro foi tomado por gente de todo o tipo, muitas vezes ou quase sempre com interesses escusos, não confessáveis ou mesmo com o interesse único de ganhar dinheiro, fazendo dele um balcão de negócios. Dirigentes de clubes e de Federações, nada mandam.
Nas Minas Gerais, um dos estados mais importantes do país, o futebol tem na Federação Mineira de Futebol a entidade maior do território das montanhas e a quem cabe, ou deveria caber, a promoção de estudos que possam viabilizar a prática do futebol profissional no rincão de Édson Arantes do Nascimento. Não o faz.
Em sua divisão primeira ou especial, congrega 12 equipes mediante critério que não se discute, promovendo um campeonato curtíssimo em que se assegura apenas e tão somente a realização de 8 partidas a cada um dos disputantes, afora a realização de rodadas no meio de semanas, gastando pouco mais de 1 mês para dar por satisfeitas as vontades e anseios dos clubes menores ou de menor poder aquisitivo. Muito pouco.
Quanto aos clubes, se sujeitam a um período de preparação para a disputa, com a contratação de um elenco de atletas, de profissionais para uma comissão técnicas e de uma série de outras providências, tudo a peso de ouro e com uma ajuda financeira, como participante, ínfima.
Resumindo, para um período de pouco mais de um mês de atividade competitiva, um clube se sujeita a quatro ou cinco folhas de pagamentos mensais salariais, eis que a legislação da Consolidação das Leis do Trabalho incide e se aplica a atividade futebolística. Faça os cálculos Bolivar e passe para a galera.
Lutar e se dispor a “tocar” futebol profissional em cidades do interior, ainda que tradicionais e pujantes, é tarefa hercúlea, não recomendável nos tempos atuais.
Há de surgirem ideias e projetos que visem uma mudança geral em relação aos rumos do futebol em nosso país, notadamente no interior, permitindo que os antigos celeiros de craques voltem a funcionar como no passado.
Mais do que a sonhada regionalização, muito mais precisa ser feito para que o futebol profissional se viabilize sem quebradeiras, falências, escândalos e coisas do gênero. Do jeito que a coisa anda, que o último a sair apague as luzes, tranque as portas e…deixe as chaves na portaria da Igreja mais próxima.
(*)Ex-atleta.
N.B.1 – Maurício Antônio de Freitas – o RISCA, atravessando momento delicado com sua saúde, fazendo por merecer orações de todos nós. Está sob os cuidados do Criador do Universo.
N.B.2 – árbitros e o VAR fazendo O DIABO na terra de Cabral. 0 peso da camisa influi e muito. Integrantes da mídia raivosa fecham os olhos e se tornam cúmplices.
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.