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Bisbilhotices

por Coronel Celton Godinho (*)

Uma das coisas que mais se vê neste mundo são bisbilhotices, ou seja, pessoas que vivem de bisbilhotar e vigiar a vida dos outros.

Em tempos de tecnologia de ponta, com várias redes sociais, os bisbilhoteiros se profissionalizaram, “tomando” conta de tudo e da vida de todos. Os ditos famosos até gostam e posam, se expõem para esses profissionais da vida alheia. Seus ganhos se multiplicam na medida em que mais vigiam, descobrem e mostram, publicamente, o resultado de suas bisbilhotices.

Em nossas andanças, presenciamos diversos fatos, muito hilários, envolvendo os “preocupados” com a vida dos outros. Um deles envolve minha família de origem. Este fato ocorreu em princípio dos anos 70, quando morávamos numa bela e agradável cidade do Sul de Minas. Éramos crianças ainda, nossa casa era grande, tínhamos um cachorro muito dócil e amigo. Minha mãe fazia muitas “quitandas” (bolos, biscoito e outras guloseimas), e meu saudoso pai trabalhava durante todo o dia.

Nos fins de semana e feriados, íamos passear. Aos domingos saíamos à noite para a igreja e, logo depois, à praça, no centro da cidade.

Vizinha bisbilhoteira

Em todas as ocasiões, durante a nossa chegada, a vizinha abria sua janela para “vigiar” nossas entradas na garagem de nossa casa. No outro dia, na primeira oportunidade, procurava a minha mãe para conversar e perguntava, interrogava, mesmo, sobre os nossos passeios do dia anterior. Minha mãe não ligava muito, mas meu pai a apelidou de “vigia noturno”. Ríamos muito da atitude da vizinha, pois abria a janela a qualquer chegada de nossa família. E assim foram muitas outras experiências da infância e adolescência com os vigias da vida alheia, as quais, se formos narrar, ficaríamos páginas e páginas a escrever.

De lá para cá, muitos anos se passaram, porém os “vigias” continuam seus “trabalhos”.

Recentemente, quando andava pelas ruas da cidade em que moro, encontrei um conhecido e, logo fui interpelado; este começou a me perguntar sobre diversas coisas e, em determinado momento, para neutralizar o “interrogatório, de maneira educada e sutil, respondi-lhe que estava realizando e cuidando de projetos pessoais. Ficou a interrogação! Ele se despediu e foi embora.

Mas tem gente que não cuida de sua própria vida e ainda insiste em cuidar e bisbilhotar a vida dos outros.

Atualmente, esta turma utiliza as redes sociais. Se deliciam em saber o que o outro come, o que veste, onde passam as férias, com quem namoram, enfim, tudo!

Então cuidemos de nossas vidas! O tempo é muito curto para ficarmos bisbilhotando a vida alheia.

(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar.
Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro

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