Pessoas de gerações ou décadas passadas geralmente são mais apegadas, saudosistas e valorizam fatos, episódios, ocorrências e situações que marcaram e marcam épocas. Quando tais situações apontadas dizem respeito ao mundo esportivo, o sentimento é muito maior.
Quando se fala do Ilusão Esporte Clube, de sua simplória quadra cimentada e de suas esquadras de esportes especializados, o futebol de salão em especial, vem à baila o timaço de 1.960 Campeão Mineiro do Interior, com Vicente Gomes e tudo o mais.
Ao mencionar a Praça de Esportes da Afonso Pena que um dia pertenceu ao Estado, além do futebol de salão que teve gente boa ‘pulando’ na piscina vazia, há de se registrar nomes consagrados como os de José do Socorro, do Sargento Argemiro, do Professor Ciro Antão de Moura, do Professor Guilherme Giesbreth, do Fernando ’Nandão’ Coelho e de um mundão de gente da melhor qualidade.
E o que falar do Colégio Presbiteriano do Professor Paulo Márcio Cabral e seu fiel escudeiro Alcino Heringer de Freitas, montando esquadras fenomenais de futebol de salão e de voleibol que a todos encantavam?
Vamos parar por aqui; não vamos falar do Clube ‘leão da baixada’ Pastoril, do Democrata Pantera da época do Coronel Altino, da Associação Atlética Aparecida, do Esporte Clube Rio Doce de ‘mister’ João Rosa, do Cruzeiro da Avenida Brasil de Otávio Coelho de Magalhães, do velho Marcos e do senhor Odilon da Casa de Couros.
Não vamos falar da Liga Amadora e da Liga da Segundona com seus eventos, em que nomes como Barrão 70, Dolfino Chisté, Luiz Bento Macedo, Hormando Leocádio, Boris Silva, Cleber Teixeira, Bráulio Mesquita, Doutor Arnóbio Pitanga, Irineu Farias, Mário Marinho Macedo e enorme contingente de dirigentes que tinham amor ao esporte, fizeram um bem danado ao nosso futebol amador e varzeano.
Quantos anos não temos a realização de campeonatos amadores oficiais em relação não só à primeira divisão, como também à segunda divisão, acrescidos dos certames de juniores, juvenis e dentes de leites? Faça a conta Bolivar…
Não importando o percentual, adeptos e simpatizantes do futebol amador e varzeano existem na Terra de Serra Lima e, com chuva ou sem chuva, buscam na manhã dos domingos o colírio para olhos sintetizados em uma acirrada partida de futebol.
Para as bandas das Massas Periquito e proximidades do campo de futebol do Internacional da “família trapo”, já é passada mais de uma década que foi construída/montada uma simplória praça de esportes em que a modalidade do futebol teve preferência.
Por obra e graça de seu idealizador e mantenedor, foi ela batizada como PRAÇA ESPORTIVA DO QUIEL’, nome de guerra de Ezequiel Patrício Dorneles que por anos e anos, ausentes as competições oficiais do futebol amador da cidade, fazia e fez realizar, de forma ininterrupta e durante todo o ano, os mais diversos e interessantes torneios de futebol em que prevaleciam e prevaleceram disputas sadias, todas de cunho social.
Sim, às equipes disputantes eram impostas uma única condição para se inscreverem: contribuir com uma determinada quantidade de alimentos não perecíveis e material de limpeza, tudo direcionado a instituições assistenciais e filantrópicas da cidade.
Ezequiel Patricio Dorneles. – o QUIEL -, faleceu no dia 25 de outubro próximo passado, deixando mais uma grande lacuna no sofrido futebol amador e varzeano de Governador Valadares. Foi ao encontro de outros monstros sagrados de nosso esporte. Certamente que houve festa no CÉU.
O exemplo e dedicação de QUIEL no mínimo deve provocar algum tipo de reflexão. Nos mais variados e diversos campos sociais de nossa cidade, líderes abnegados buscam promover o lazer, o entretenimento e prática sadia do esporte. Quase todos, ignorados pelos detentores do poder e dos que se acham importantes. Que pena. Valeu QUIEL…
(*) Ex-atleta
N.B. – Oxalá não se confirmem os indícios que indicam a prática de atos e ilicitudes reprováveis envolvendo o atleta Bruno Henrique, do Clube de Regatas do Flamengo. Nossos futebolistas, em grande percentual, são desprovidos de uma boa formação moral.
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