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A brutalização do esporte das multidões

Em tempos não tão distantes – cinco ou seis décadas passadas, a prática do esporte das multidões especialmente em cidades pequenas, distritos, lugarejos e zonas mais afastadas do perímetro urbano, caracterizava-se pela rudeza de seus praticantes em decorrência da fragilidade de suas formações.

Regra geral não agiam dolosamente e os entreveros ocorridos eram próprios das limitações dos praticantes, ávidos pela vitória da esquadra por eles defendida. Normalmente desenvolviam árdua jornada de trabalho semanal sonhando com a chegada do domingo para extravasarem e fazerem uso, em forma de lazer, daquilo que lhes era possível.

Por aqui, na terrinha da rainha envelhecida, enfrentar o Ibituruna em São Raimundo, o Santo Antônio do “velho”, o Independente no Estádio da Poeira – leia-se Av. JK-, o Internacional em seus domínios e o Almirante Barroso em qualquer praça esportiva, era prenúncio certo de que a brutalização de alguma forma ocorreria. Era impossível evitá-la.

BRUTALIZAÇÃO:  Conduta e procedimento humano ocasionando sofrimento a outros, podendo implicar em consequências à saúde física e mental e ainda comportamentos agressivos, desumanos, tortura, abuso físico e ameaça, dentre inúmeros outros, são procedimentos que configuram a brutalização e a brutalidade de seus autores.

“Domingo é dia, de pescaria…” é a marchinha que ficou famosa. Nos grandes centros esportivos do país – Rio de Janeiro em especial, “domingo é dia de ir ao Maraca e torcer para o time do coração, de sorrir e chorar ao lado do torcedor rival até mesmo abraçando-o.” ERA. NÃO É MAIS…Cena imaginável para os nossos dias.

Não de forma oficial, porém de forma oficiosa e visível, o FUTEBOL, outrora esporte das multidões deixou de sê-lo, transformando-se em GRANDE NEGÓCIO. Irracionalidade total, com valores astronômicos sendo a máxima a ser praticada, não importando disparidades e desigualdades, afora aquilo que se tem e se denomina de dívida social. REPUGNANTE.

Com tanto dinheiro envolvido, ou com a necessidade de ser conseguido muito dinheiro para a sobrevivência de um clube outrora famoso, parte-se para o vale tudo, buscando-se patrocinadores nem sempre com boas práticas comerciais – as jogatinas e seus efeitos nefastos estão vindo à tona -, emporcalhando o visual das camisas dos clubes e praticando uma política salarial irresponsável, inaceitável e revoltante. Disputa que não leva a nada…ou a quase nada, salvo vaidade de dirigentes em busca da fama e de holofotes.

Daí, o futebol se transformou. Deixou de ser simplesmente uma competição esportiva, charmosa, salutar, empolgante, interessante e atrativa. E deixou de ser um esporte de massas. Agora, somente para as grandes elites, totalmente fora do alcance dos assalariados, os verdadeiros torcedores que lotavam os estádios. 0s “geraldinos” que o digam.

Como desgraça pouca é bobagem, surgiram os investimentos questionáveis de grandes milionários adquirindo “clubes” na terra de Cabral, acompanhados de outros procedimentos que passaram a infestar o nosso futebol e dele afastando o brilho de outrora. Amor à camisa, dignidade, respeito, agradecimento, reconhecimento, gratidão, nem pensar…

E o torcedor? Qual torcedor? 0 verdadeiro? Este recolheu-se a seu habitat e vive de boas recordações, inclusive de seus verdadeiros ídolos. Quando muito assiste e torce à distância pela telinha. Nem sempre animado.

Por outro lado, o crescimento e voracidade de segmentos midiáticos em que nem sempre a ética e o respeito se fazem presentes, as criminosas torcidas organizadas que de organizadas nada têm, inovações maléficas ocorridas nas arbitragens de um modo geral, pressões e cobranças de todos os tipos (algumas inconfessáveis) e a falta de um grupo de dirigentes equilibrados, visionários e responsáveis, fizeram e fazem com que o futebol brasileiro tenha sido atingido pela BRUTALIZAÇÃO.

Brutalização no transcurso das partidas envolvendo os futebolistas. Brutalização envolvendo o tratamento dispensado aos árbitros, auxiliares e outros coadjuvantes. Brutalização em relação aos profissionais de uma Comissão Técnica, inclusive no tocante aos seus contratos de trabalho. Estes, também, muitas vezes com procedimentos e condutas não republicanas.

Possível reverter a situação vigente? Pouco provável. No país do faz de conta, do politicamente correto, da máxima do  “deixa como está para ver como fica”, desigualdades e rolo compressor se fazem presentes, fazendo prevalecer suas vontades. Pobre futebol brasileiro.


(*) Ex-atleta.

FOTOS: Divulgação

N.B. – Hoje é um grande dia. Dia de escolhermos nossos representantes. Tenhamos responsabilidades. Vamos repetir: A BOLEIRADA não gosta quando se fala em política, confundindo-a com politicagem. Mas todos nós devemos ser responsáveis, eis que vivemos em sociedade. No dia de hoje teremos eleições em que escolheremos nossos representantes para o Executivo e Legislativo Municipal. Temos demandas? SIM. E muitas…saibamos refletir e escolher. São escolhas para os próximos quatro anos. Depois não adianta chorar Bolivar…

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