Imagine uma televisão ligada em vários canais ao mesmo tempo. Você até tenta assistir a um, mas a cada minuto alguém troca a estação. É mais ou menos assim que muitas pessoas com TDAH descrevem o seu dia a dia.
Outra forma de entender é pensar em um navegador de internet com dezenas de abas abertas. Cada aba representa uma ideia, uma tarefa, uma lembrança. Só que, ao invés de poder escolher qual abrir, todas começam a piscar e chamar sua atenção ao mesmo tempo. Resultado: é difícil priorizar e concluir o que realmente importa.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não é falta de interesse, preguiça ou “mania de gente esquecida”. É uma condição que afeta a forma como o cérebro regula atenção, impulsividade e energia. E, apesar de muita gente associar o TDAH apenas a crianças agitadas, ele pode estar presente também em adolescentes e adultos.
Na prática, isso significa se perder no meio de tarefas simples, esquecer prazos importantes, sentir dificuldade em organizar a rotina, interromper conversas sem perceber, ou viver com uma inquietação quase constante. Enquanto algumas pessoas conseguem “dar um jeito” mesmo na correria, quem tem TDAH enfrenta essas situações todos os dias, de forma persistente e desgastante.
Mas há um ponto essencial: TDAH não define quem a pessoa é. É apenas uma parte da sua história. Com informação correta e tratamento adequado, é possível construir estratégias para lidar melhor com esses desafios. Medicação, psicoterapia, técnicas de organização e apoio da família e da escola ou do trabalho fazem toda a diferença.
A falta de informação ainda é um obstáculo. Muitas pessoas passam anos ouvindo que são “desatentas”, “desorganizadas” ou “indisciplinadas”, sem saber que há uma explicação por trás e que buscar ajuda pode mudar o rumo da vida.
Por isso, falar sobre TDAH é abrir portas para menos julgamento e mais acolhimento. É lembrar que cada pessoa tem seu jeito de funcionar, e que com apoio certo é possível transformar limitações em caminhos de aprendizado.
Se você se identificou com essa descrição, considere procurar avaliação profissional. O primeiro passo é sempre o conhecimento. E o conhecimento, quando chega, abre espaço para uma vida mais leve, organizada e cheia de possibilidades.”
(*) Psicóloga, pós graduada em Neuropsicologia pela UNIFESP CRP 04/62350
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