De sabença popular que nossos antepassados, quando diante de situações pitorescas, desafiadoras ou mesmo constrangedoras, com maestria de poucos sacavam a máxima da “conversa para boi dormir” para porem ponto final nas demandas enfrentadas.
Está no “pai dos burros” que a expressão é equivalente a promessas que não serão cumpridas, a uma conversa mole, a um lero-lero e ainda desculpas esfarrapadas ou mesmo mentira contada com a intenção de enganar alguém. Constatação triste: atualizadíssima com os tempos atuais.
Os outrora pomposos campeonatos estaduais de futebol sintetizavam feitos notáveis de seus vencedores, marcados por duríssimas rivalidades locais e com os disputantes buscando tais conquistas com o ranger de dentes, artimanhas as mais diversas e o poderio de que dispunham.
Novos tempos no futebol na terra descoberta por Cabral, com um calendário rígido e maluco em que o Brasileirão é a disputa maior, porém Copa do Brasil, Sul Americana, Libertadores e outras disputas de taças ofuscam os Estaduais, dispensando-lhes míseras datas.
No encerramento do mês de fevereiro que se foi, os Estaduais de nossos maiores centros esportivos estão caminhando para seus términos. Alguns cruzamentos nem sempre interessantes, vamos para as finais e os vencedores são ou serão conhecidos.
Como acontece em toda virada de ano os assuntos midiáticos se referem sempre aos planejamentos das maiores e médias equipes, negociações de atletas em demasia, troca de treinadores, com a falácia de que em função de um calendário apertado, os estaduais pouco ou quase nada representam. “Me engana que eu gosto…”.
Quais são as rivalidades futebolísticas de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande Sul, Ceará, Bahia, Pernambuco, Paraná e demais rincões de nosso País? Não há necessidade de listar os nomes de nossas maiores e mais tradicionais equipes, certo?
Quando se vê a crise instalada no Cabuloso das Minas Gerais, a ameaça de dispensa do técnico do São Paulo Futebol Clube, o todo poderoso Abel Ferreira sendo questionado à frente do Palestra, o campeão das Américas e do Brasil sendo bombardeado por seus próprios torcedores e uma série de outros “treineiros” e dirigentes de clubes grandes que não se saíram bem no início da temporada recebendo críticas de todos os lados, dúvidas não existem que ser campeão estadual é muito importante, sim.
Com a autenticidade e personalidade próprias de seu caráter, razão assiste a FELIPE LUIS, treineiro dos bons e que certamente chegará à seleção brasileira, quando afirma sem medo de ser feliz, que todas as disputas são importantes e que lutará para todas conquistar. Independência, inclusive financeira, é outra coisa.
Não menos verdade que o curto período de preparação, dimensão e qualidade da maioria dos elencos, fazem com que grande parte das equipes utilizem jovens atletas no início de cada temporada, o que não pode sintetizar desapreço total pelas disputas. Uma iniciativa válida.
Daí a dizer que os estaduais nada valem, que nada somam, que suas conquistas nada representam, é demonstrar despreparo, competência e falta de uma determinada massa na parte superior do corpo. Deu para entender meu caro Bolivar?
Abobrinhas e impropérios não passam de “conversa para boi dormir”, de falta de competência para cargos e funções que desempenham ou deveriam desempenhar, à frente de equipes futebolísticas as mais diversas de nosso país. Um verdadeiro lero-lero…
Na realidade o difícil é dizer e explicar para o torcedor apaixonado a razão de sua equipe estar na fila há alguns anos para conquistar um Estadual. Difícil, né? Com certeza conversa mole ou desculpa esfarrapada não vai colar.
(*) Ex-atleta
N.B. 1 – Ter personalidade firme, como está sendo difícil nos dias atuais. Estão se escondendo no ‘politicamente correto’. Não me comprometa…quero estar bem com todos… Êta muno.
N.B. 2 –Das alturas para o inferno, assim está sendo a vida do ‘dono’ do Botafogo. Quando o futebol deixa de ser um esporte para se tornar um negócio, tudo pode acontecer. Alerta para os demais…das SAF’s.
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