Premiados em concursos internacionais, os vinhos de inverno da uva syrah chamam a atenção de quem busca garrafas do eixo Sudeste-Centro-Oeste. É o que poderíamos chamar de casta emblemática da região.
“É a principal porque foi a primeira que se adaptou ao manejo da dupla poda com boa produtividade e qualidade do vinho. É uma variedade que tem boa resposta em regiões mais quentes e, por isso, foi a mais disseminada nas novas fronteiras vitícolas da região Sudeste”, explica Renata Vieira da Motta, pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) Uva e Vinho.
Ícone da região do Rhône, na França, onde estão as maiores plantações desta variedade, também é muito popular na Austrália, segundo maior produtor, onde a casta é conhecida como shiraz.
“Como há regiões quentes e frias na região Sudeste e Centro-Oeste, temos os dois tipos de syrah. Depende da localização da vinícola. Se a gente fizer um vinho mais tânico, mais pesado, mais alcoólico, vai lembrar mais um shiraz. Se for mais delicado, mais frutinha, menos barricado, talvez lembre um syrah francês”, compara Lucas Bueno do Amaral, enólogo da Epamig. “O legal é justamente que temos vinhos de inverno com características diversas”, conclui.
O Casa Geraldo Syrah Colheita de Inverno, produzido em Andradas, sul de Minas, fica 12 meses em barricas de carvalho francês e americano, o que origina um vinho nobre, seco e de forte cor vermelha, lembrando frutas maduras, notas de chocolate e defumado dos carvalhos. Estrutura, muito corpo e equilíbrio. Já em Patos de Minas, a Casa Bruxel compara os tons de vermelho do seu Chuá Syrah com o pôr-do-sol do seu terroir, o Cerrado Mineiro. O vinho é jovem e com aromas de framboesas e amoras.
HARMONIZAÇÃO
Com syrah de regiões frias, o frango com quiabo cai muito bem. Já o syrah das regiões quentes pede uma costelinha de porco com canjiquinha.
ENOTURISMO
Na Vinícola Micheletto, em Louveira, São Paulo, na região do Circuito das Frutas, as primeiras plantas de Syrah datam de 2006. Hoje a vinícola possui 3 hectares de vitis-viníferas em suas quatro unidades de produção. Para visitas na sede, não é necessário agendamento e não são cobradas taxas para degustação.
(*) Jornalista e especialista em vinhos
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