[the_ad id="288653"]

O corpo fala. E como!

por Coronel Celton Godinho (*)

Há alguns anos, li um livro muito interessante com o título “O corpo fala”, de autoria de Pierre Weil e Roland Tompakow. A excelente obra literária aborda sobre a linguagem não verbal. Ela tenta desvendar a comunicação não verbal do corpo humano. Recordo-me ter lido por diversas vezes este livro e de tê-lo utilizado como fundamentação teórica em vários trabalhos durante a minha vida de estudante.

É uma obra que deve ser lida sempre que possível, de fácil entendimento e muito atual.

Pandemia

Desde março de 2019, estamos convivendo com uma grave pandemia de um vírus que veio de muito longe e, em pouco tempo, como um rastilho de pólvora, se espalhou pelo mundo todo. A Europa sentiu primeiro o “golpe”.

Uma das medidas mais urgentes foi conter o contato entre as pessoas, determinando-se o uso de máscaras. Abraços e apertos de mão? Nem pensar! Mas no início, o povo mais menos informado achava que só de ficar um pertinho do outro, já pegava a tal de covid. Ah! O nome científico do tal “bichinho”, que nem dá pra gente vê, só com um microscópio potente, em laboratório, se chama covid-19. Eta nomezinho pequeno, mas que fez e está fazendo tanto rebuliço e que já tirou a vida de tanta gente!

Pois é, não é que a linguagem não verbal passou a ser usada, mesmo porque para falar com as máscaras dificulta a comunicação verbal. Ficamos um bom tempo sem vermos a cara de desapontamento e o sorriso na boca das pessoas – só se podia ver o sorriso pelos olhos. Parece que fomos aprendendo até a decifrar o que os olhos estavam a falar e, às vezes, o contrário do que as palavras que saíam por debaixo das pequenas, mas eficientes máscaras, ou mascrinhas, como muitos ainda as apelidaram.

Comprovamos, nestes tempos de pandemia, que o corpo não só fala como também “berra” e canta.

Ler o nosso corpo

Certa vez, bem no segundo ano de pandemia, quando estava passando umas compras pelo caixa de um supermercado da cidade em que moro, mesmo com o uso de máscaras, percebi que a moça do caixa estava nervosa com alguma coisa. Virava-se rapidamente a cada produto que passava e seu olhar e um franzido na testa expressavam preocupação.

Olhei de novo; já no final ela estava ainda preocupada. Já devia ser quase hora dela largar o serviço. Ela só melhorou o semblante quando me perguntou se iria pagar com cartão ou em dinheiro. Respondi-lhe que pagaria com cartão. Era tudo de bom que ela queria ouvir, pois percebi que ela não tinha mais troco. Tinha passado para a caixa ao lado, já que, possivelmente, estaria saindo de sua hora de serviço.

Penso que, além de aprendermos a ler nosso corpo, hoje temos a verdadeira consciência da importância de um simples sorriso e de um abraço. Um toque nos ombros do amigo.

Aprendemos que o nosso corpo fala, mas muitas vezes ele “berra”. Berra para nos amarmos mais, nos ajudarmos mais, e, sobretudo, nos cuidarmos mais!

Enfim, o corpo fala. E como!

Tagarelices sem fim, e, às vezes, sem medida.

(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar.
Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

[the_ad_placement id="home-abaixo-da-linha-2"]

LEIA TAMBÉM