Velhinhos, não totalmente velhinhos e rapaziada do mundo esportivo valadarense que são presentes nos encontros anuais dos boleiros, normalmente realizados no mês de dezembro, com propriedade acordaram que em seus grupos de redes sociais não há lugar para discussões sobre política e religião. Sábia ou não, foi a decisão que tomaram.
Enfrentando a pandemia, acabamos por integrar grupo bastante heterogêneo de pessoas que às sextas-feiras dão vasão ao estresse acumulado, abordando temas como futebol, política, religião, questões sociais e tudo o mais que aparece. É um grupo que tem notáveis e não notáveis, daí é papo que adentra madrugadas. Paulo de Tarso que o diga.
Há uma diferença descomunal entre ‘política’ e ‘politicagem’, e talvez por desconhecimento a opção tomada pelos integrantes dos grupos se justifica. POLITICA sintetiza o nosso dia a dia, nossas relações, posicionamentos e atitudes que tomamos ou deixamos de tomar. Vale para a vida em família, para o ambiente de trabalho, para nosso redor e tudo o mais.
O que vemos, ouvimos e constatamos a respeito do sofrimento do povo da Ucrânia? Certamente faltou uma boa política internacional. Não teria a politicagem falado mais alto, com interesses inconfessáveis predominando? Pode ser que sim, pode ser que não.
Independentemente da religião de cada um de nós, seres mortais, acabamos de sair de dias de reflexões, orações e aprofundamentos, sendo certo que a pandemia, que ainda não foi embora, e inúmeros de seus efeitos maléficos causados concorreram para tal.
Este Papo de Boleiro, quando muito, chega até os da velha guarda, certamente não recepcionado pelos jovens do mundo esportivo valadarense por razões óbvias. Sendo assim, busquemos refletir com nosso minúsculo público a respeito de reais situações adversas enfrentadas por alguns dos nossos ou de alguns que militaram na vida esportiva em nosso tempo. Não foram e não são poucos.
Entendemos que não nos cabem análises e julgamentos em relação a trajetória de ‘boleiros’ em estado de miserabilidade ou vulnerabilidade social. É bíblico: “Não julgueis para não seres julgados”. Interessa, e assim entendemos, identificar as adversidades, as mazelas, os problemas e, se possível, buscar soluções ou minimizar sofrimentos.
Alguém está ao relento? Alguém enfrenta problemas de saúde? Não mais consegue ler com desenvoltura pela ausência de um par de óculos? Desconhece possíveis benefícios previdenciários e não tem como contratar os trabalhos de um profissional? Gostaria de ter ou desenvolver algum tipo de atividade de valorização humana? O que mais?
“O sujeito, o nosso próximo, é parte integrante de todo um processo de entendimento da sociedade. Ele é parte das estruturas que determinam o mundo que o rodeia. Ele transforma e é transformado por essas estruturas”.
“A religiosidade constrói um universo de reflexão todo especial na vida, seja individual ou social, por envolver um contrato em que o elemento esperança e sentido da vida são fundamentais para o desenvolvimento do ser humano em sua caminhada terrestre”. (Clacir José Bernardi e Maria Augusto de Carvalho – A religiosidade como elemento de desenvolvimento humano).
Segundo Francisco, o Papa, “as noites de guerra são atravessadas por rastros luminosos de morte. À noite, irmãos e irmãs, deixemo-nos guiar pelas mulheres do Evangelho para descobrir com elas a aurora da luz de Deus que brilha nas terras do mundo”.
É tempo de reflexão. É momento para transformação. Fechamos os olhos deixando passar o filme da vida que presenciamos mas que insistimos em ignorá-lo. Quantas mazelas, indiferenças, crueldades e omissões. Sim, podemos fazer alguma coisa… muitas coisas.
Somos comodistas e acomodados por natureza. Grande parte “dos nossos” entende que, aposentados, já teria cumprido a missão terrena. Ledo engano. Há muito por fazer e que podemos fazer. Necessária a transformação.
Comumente e corretamente se diz “situação de fato”‘ e “situação de direito”. DE FATO o Projeto Pingo D’Água já tem feito alguma coisa, muita coisa mesmo. Sem alarde e propaganda. De DIREITO ainda está em gestação, mas caminha a passos largos para ter personalidade jurídica e dizer a que veio.
Boleiros e não boleiros: mostrem e demonstrem seu interesse em participar de ações voltadas para integrantes do mundo esportivo valadarense em situação de vulnerabilidade social. Busquem transformar-se.
(*)- Ex-atleta
N.B. – Neste domingo, na parte da manhã, no campo da COAB no Conjunto SIR, interessante partida de futebol envolvendo futebolistas valadarenses e futebolistas do Vale do Aço. Tudo em função do aniversário de Gilberto ‘ZIQUITA’ Costa. Momentos festivos para quem merece.
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