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Uma “bike”

FOTO: Freepik

Ainda não tenho uma “bike”, palavra que em inglês significa bicicleta. Afinal, depois da internet e dos celulares, o inglês está definitivamente incorporado ao nosso linguajar. Vou falar sobre esse veículo por algumas razões. Tudo começou quando passei a observar o aumento significativo do número de praticantes do ciclismo, conhecidos hoje como “bikers”. A cada dia é cada vez maior o número deles em seus veículos cada vez mais sofisticados. Além disso, vejo muitos profissionais liberais indo para o trabalho de bicicleta. Conheço um colega advogado que só vai trabalhar pedalando e fala muito no assunto. É bom lembrar que Governador Valadares, em função de sua topografia plana, sempre foi uma cidade de muitas bicicletas, e não por menos, quando criança fui presenteado por meu saudoso pai com uma Caloi vermelha, tipo convencional.

Ele me falou de um parente que veio do exterior e trouxe para ele uma “bike” de ponta, ou seja, uma “topzera”. Falou que ela tinha suspensão do tipo X, freio da marca Y e quadro Z. Em minha ignorância, nem sabia que “bike” tinha suspensão. A bicicleta que ele ganhou é uma “Scott”, mas não é só “Scott”, tem mais alguma coisa no nome, como se fosse um sobrenome, certa qualificação, o que lhe dá um certo ar de importância e qualidade, sabe?

Como tive uma Caloi dessas comuns, pesquisei no Google e vi que a Scott é mesmo especial.

Numa outra oportunidade, outro conhecido – quantas influências hein? – encheu o peito e disse: “Estou pedalando uma Merida”. Mas não era só “Merida”, essa também tem algo demais e de novo, uma qualificação extra, e são tantas que não me lembro de todas.

Um dia perguntei a um vendedor de uma loja de bicicletas, que também é ciclista, se havia grande diferença entre a Caloi, a “Scott” e a “Merida”. Ele disse que “não!”. Que hoje em dia as marcas nacionais evoluíram muito, e quem fala mal das “bikes” brasileiras é por puro desconhecimento.

Nas caminhadas que faço no Calçadão da Ilha, vejo grupos de “bikers” circulando pela orla, numa situação admirável, o que sempre me leva a pensar na possibilidade de pedalar novamente. Detalhe: além de favorecer a saúde física e mental, a maioria dos “bikers” anda dentro das normas de trânsito, com bicicletas e capacetes sinalizados com luzinhas vermelhas que piscam intermitentes, além de usarem roupas adequadas.   

Andar de bicicleta é sentir o vento no rosto, ter a sensação de liberdade, e lembranças resgatadas. Só notamos o que nos interessa aquilo que é parte de nossas vidas. O fato de conhecermos algo novo ou retornarmos uma prática esquecida amplia a nossa visão e as nossas relações com o mundo. Já me disseram também que pedalar passa a sensação de que se vê a cidade pela primeira vez, muda-se o olhar… Ela fica mais bela.

Vários grupos de “bikers” se reúnem para percorrer trajetos nos entornos da cidade, e é quase certo que neles podem surgir novos amigos ou mesmo a possibilidade de reencontrar antigos conhecidos. Parece que é banal alguém comprar uma “bike” e começar a pedalar por aí, mas não é bem assim. Com o tempo a vida nos coloca uma série de responsabilidades e compromissos, molda comportamentos e quando nos damos conta, estamos indo da casa para o trabalho e do trabalho para a casa, desempenhando papéis que não escolhemos, foram se achegando e tomaram conta de nossas vidas. Andar numa “bike” quebra essa rotina e acontece naturalmente.


(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@gmail.com | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente

Comments 1

  1. mauricio de luna freire says:

    Prezado Crisolino, boa tarde!
    Realmente, andar de bike é um exercício e uma higiene mental. Gosto de dizer, a bike pode te levar onde o carro não leva e uma moto também não leva. Experiência própria! a questão das bikes é semelhante a dos carros. Tipo, o Pálio tem 1.0, 1.4, 1.8, 4 portas, duas portas turbo, etc…! Tudo depende do seu objetivo para com ela. Se você vai competir, então vai precisar de uma com mais aperfeiçoamentos. Um câmbio melhor, um freio melhor. Existem de valor a partir de mil reais, até vários “mis” reais. Não importa. Importa é se sentir bem em cima da sua magrela, o ar batendo no rosto, a chuva também! Forte abraço

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