Walber Gonçalves de Souza (*)
Provavelmente, você que está começando a ler esse artigo já tenha visto o “Deputado Justo Veríssimo” pelas telas da TV. Mas para quem não o conhece, “Justo Veríssimo” foi um personagem criado pelo humorista Chico Anísio, para representar uma parcela considerável dos políticos brasileiros. Vale a pena buscar nas redes sociais algum episódio, para entender o contexto das críticas do humorista, bem como, ouvir o sarcástico jargão do personagem: “eu quero que pobre se exploda! ”.
Mesmo sendo uma espetacular e criativa sátira, o personagem parece real e presente no cotidiano do cenário político nacional. Pois a grande questão, que envolve o “Justo Veríssimo”, é a total falta de empatia para com os outros, principalmente com os pobres, que ele desdenha a todo momento.
Outra característica marcante do “deputado” é querer tirar vantagem em tudo, não permitir que os outros sejam felizes ou conquistem as coisas; para ela a melhor coisa era roubar do pobre, tanto é que criou um modelo político que continua em voga até os tempos contemporâneos: a “corruptocracia”. Pelo visto nessa aula, quase nenhum político faltou.
Contextualizando esse cenário satírico, podemos dizer que a “Síndrome do Deputado Justo Veríssimo”, se faz presente de forma pandêmica, pois se há uma coisa que grande parcela dos nossos políticos não pensa é no bem-estar da população brasileira. Há um descaso visível e uma falta total de empatia.
Nossos políticos não conseguem se ver no sofrimento alheio, não conseguem ao mínimo sensibilizarem-se com a miséria, com a fome, com o desemprego, com a forma indigna que muitos vivem, com a morte de milhares de pessoas nos hospitais por diversos motivos, e em muitos casos simples de resolver, como o caso da falta de oxigênio; fingem não perceber, que já está escancarado, que praticamente só olham para os seus próprios interesses, criando leis que os protegem, que os beneficiam, que deixam o país numa balbúrdia sem fim.
A síndrome do Justo Veríssimo, a exemplo de um vírus letal, parece ter contaminado nosso Congresso Nacional e demais repartições dos poderes públicos: executivo, legislativo e judiciário, e isso não é de hoje, pois na verdade o correto seria nos perguntarmos: em qual época não foi assim? Exceções existem? Claro que sim! E ainda bem que sim! Mas é inegável afirmar que são a minoria, infelizmente!
Como uma maldição, desde a edificação do Congresso, a síndrome se instalou pelos corredores, plenários e gabinetes. Todos os dias, a luta desenfreada pelo poder corrói os pilares da nossa frágil democracia e se traduz em uma triste crise social, em que o elo mais fraco da nossa sociedade, que são os pobres, sempre pagam a conta, da forma mais cruel e desumana. Uma pena conseguirem destruir um país tão cheio de possibilidades!
(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal