POR SEBASTIÃO EVILÁSIO (*)
Estar à disposição com boa vontade é sempre um desafio. O nosso cotidiano vez ou outra revela monstros maquiados em uma normalidade obscurantista que esconde respostas atravessadas pelas gargantas, conceitos do que o mundo nos empurra nas jornadas e até sorrisos amassados na face e forçadamente abertos em lábios irritantemente complacentes.
“Pelo bem da convivência e das relações, ok, está tudo bem”.
Mas não. Nem sempre está tudo bem. Seja para preservar a harmonia na família, ou a paz na empresa e/ou na escola, às vezes sufocamos sentimentos verdadeiros de irritação, impaciência e intolerância, porque a vida nos pede concessões, e não são poucas.
É errado ceder? Acredito que não. As relações humanas estão repletas de exigências que trazem à luz dos diálogos as diferenças. Sim, somos diferentes entre nós. Não há como negar e tampouco fugir desta realidade.
E pode ser que sejam exatamente estas diferenças que temperam as recusas ou aceitações daquilo que em nós ou para nós não seriam uma normalidade. Mas o respeito ao outro como ele é, com suas virtudes e defeitos, gostos e humores é que nos ajudam a repensar em nós o lugar que nos cabem ou a nós é oferecido para a prática de nossa humana participação no projeto de vida que Deus desenhou.
Os grandes filósofos, psicólogos e entendedores humanistas usariam termos técnicos pra explicar algo tão simples, que nada mais é do que saber acolher essencial e sabiamente as misérias do outro.
Se pretendemos proteger e promover uma qualidade melhor de vida é fundamental que aprendamos a perceber os espaços e funções de cada indivíduo. E neste processo, nos colocarmos como objeto de servidor e não de servido. Pode acreditar, as frustrações serão bem menores.
Uma vez compreendida esta básica razoabilidade, vem a segunda parte: “Xô preguiça, xô má vontade”.
Já dizia seu Caetano (meu saudoso velho pai) me ensinando a “costura auxiliar” (chuliar) as calças de alfaiataria: “O trabalho de fazer bem-feito é o mesmo de fazer malfeito”. Mal sabia ele que esta é uma lição de vida.
Então, meus amados, ser servidor de Deus está em tudo que fazemos. Como Deus jamais é pra nós um “Deus mais ou menos”, não sejamos pra Ele, filhos “mais ou menos” em nosso serviço.
Faça frio ou calor, sol ou chuva, diante do carrancudo ou do sorridente, sejamos solícitos com o nosso melhor.
Julgamentos humanos teremos sempre. Vão falar muita “abobrinha” a nosso respeito. Muitos não vão gostar de você sem ao menos terem se falado. Agradecimentos e reconhecimento são raríssimos. Aí eu repito: são estas imperfeições humanas que nos ajudam a dar tempero pra vida.
Certamente já ouviu a expressão: faça uma limonada com os limões que te oferecerem. É mais que uma verdade. É uma necessidade. Senão, teremos que passar a vida nos justificando.
Eu não quero isso pra mim.
E você?
Tenham todos um domingo e semana abençoados. Arregace as mangas e encare a vida com todos os obstáculos. Eles vão sempre existir. O que pode mudar é a sua disposição de saltar sempre mais alto pra ultrapassá-los.
Que Deus nos abençoe e nos cuide!
