Estarrecido, incrédulo e assustado, o mundo futebolístico foi surpreendido por pronunciamentos deploráveis, revoltantes e inaceitáveis originários de dois ex treinadores de futebol brasileiros em evento realizado nas dependências da Confederação Brasileira de Futebol e patrocinado por sindicado de técnicos de futebol de nosso país.
O evento, valorizado e engrandecido pela ilustre presença de Carlo Ancelloti, um dos mais competentes, vitoriosos e dignos treinadores do futebol mundial em atividade, casualmente atual técnico da seleção brasileira, teve a infeliz ideia de oportunizar as falas de Oswaldo de Oliveira e Emerson Leão, treinadores atualmente desempregados.
Nas falas de ambos, quantas infelicidades, quantas impropriedades, quantas arrogâncias, quantas prepotências, falta de educação e de boas maneiras, ao se referirem às presenças de treinadores estrangeiros em nosso país e recriminado a escolha do técnico italiano para comandar a seleção brasileira. Desastre descomunal. Saias justas para os organizadores.
Para os de relativas idades o conhecimento de que, quando treinadores em atividades, tanto Oswaldo de Oliveira, como também Emerson Leão, trabalharam por anos e anos em países outros, foram respeitados e bem tratados e ganharam, merecidamente, muito dinheiro.
Estando presente no evento em referência, desconcertado, porém com educação esmerada, o ITALIANO a tudo ouviu, manteve-se educadamente4 em silêncio e, ao final, teve a dignidade de receber apertos de mãos de ambos os despreparados. Mas em sua mente, qual teria sido o juízo de valoração? Que país é este? Que educação…
A presença bem sucedida de alguns treinadores estrangeiros no Brasil, agora também à frente da seleção brasileira, tem incomodado muita gente do mundo esportivo brasileiro, inclusive parte da grande mídia, esquecendo-se ou ignorando que no passado por aqui brilharam grandes treinadores de outros países. E atletas também, como ocorre nos dias atuais.
Nos antigamente – alô Bolivar, para mencionar alguns apenas, brilharam no futebol brasileiro como técnicos Filpo Nunes (Corinthians, Palmeiras, Cruzeiro, Vasco e Bahia), Bela Guttmaan (São Paulo), FleitasSolich (Flamengo) e Ondino Vieira (Fluminense e Vasco), afora a safra de vitoriosos dos últimos anos. Contra os fatos não há argumentos.
Ficaram em situação delicada, constrangedora e sob olhares recriminadores da opinião pública o Sindicado dos Treinadores e a própria Confederação Brasileira de Fut4bol. As notas de desculpas, por si só, não reparam os estragos. Algo maior há de ser feito.
Não menos verdade que em percentual altíssimo os treinadores de futebol no Brasil, considerável número de atletas e ex atletas de escol e parcela considerável da mídia brasileira, sem dó e piedade, externaram indignação em relação aos infelizes pronunciamentos e posicionamentos dos dois profissionais, instando-os a um público pedido de descultas. Se tiverem educação e humildade, certamente o farão.
O episódio nos remete à educação deficiente que predomina em nosso país, faz tempo. Falta-nos educação, falta-nos humildade, falta-nos profissionalização em inúmeras áreas. Somos rebeldes por natureza, petulantes e autoritários. Ignoramos méritos alheios.
Por que não reconhecer os méritos nos trabalhos desenvolvidos em nosso país por Jorge de Jesus, por Arthur Jorge, por Abel Ferreira, por Jorge Sampaoli, por Vojvoda e inúmeros outros treinadores estrangeiros, independentemente de títulos. A lista éenorme.
Temos dito de forma reiterada que o futebol mudou em todos os sentidos. Passou a ser um negócio envolvendo inúmeros interesses. Aos treinadores cabem buscar uma melhor profissionalização e busca de conhecimentos que lhes assegurem boas oportunidades de trabalho. E não vai ser na beirada de praia o melhor local para o aprendizado.
Oswaldo de Oliveira e Emerson Leão prestaram um desserviço ao futebol brasileiro de proporções gigantescas. Entretanto, fazendo do limão uma limonada, oportunidade que se apresenta para profundas medidas de cunho evolutivo e restaurador. Que assim seja.
(*) Ex atleta
N.B. 1 – Ver o América das Minas Gerais incluir o Centro de Treinamentos LannaDrumond nas tratativas de uma possível SAF não deixa de ser preocupante. Certamente seus dirigentes sabem o que estão por fazer.
N.B.2 –Na terrinha de Serra Lima aumentam os comentários de que caminha a passos largos a possível SAF do Democrata Pantera. Que a história e tradição do clube sejam respeitadas.
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