por Luiz Alves Lopes *

A televisão mostrou para o mundo, em especial para o amantes do futebol, a competição denominada EUROCOPA-2020, realizada em 2021 por razões por demais conhecidas: uma pandemia que causou e continua causando estragos, ceifando vidas e confusões outras.
O nível da competição? Altíssimo. Organização? Espetacular. A finalíssima entre Inglaterra e Itália, no majestoso Estádio de Wembley? Coisa de país de primeiro mundo. Futebol estudado, planejado, objetivo, eletrizante e disputado palmo a palmo.
Alguém foi melhor nos 90 minutos? O resultado(1×1) diz que não. E na prorrogação? Também não. Restou a loteria das penalidades máximas, com a Itália sagrando-se campeã na casa do adversário. E daí? Por lá, vida que segue… Houve um vencedor e um segundo colocado de um contingente numeroso de seleções de altíssimo nível.
O que falar da Euro que acaba de acontecer? E do altíssimo nível técnico das seleções? Da conduta do atleta europeu em termos disciplinares e desafios outros enfrentados pela sociedade mundana? Da arbitragem serena, discreta e quase sempre desapercebida, com o “treco” chamado VAR mostrando para o mundo seu objetivo e maneira correta de funcionar? Das condutas discretas dos treinadores às margens dos campos, sem espetáculos circenses, ofensas, agressões e condutas não esportivas? Do equilíbrio e respeito do atleta ao ser substituído? Do procedimento dos torcedores de um modo geral? E os estádios palcos dos jogos da competição? Acomodações de fazer inveja. Gramados? Sem comentários. Neles, a ‘maricota’ foi bem tratada e correspondeu…
Deu para perceber que, na partida final, quando um ‘gaiato’ invadiu o campo de jogo, sequer foi ele mostrado na transmissão, enquanto sua retirada se processava via aparato policial, não lhe sendo concedido assim dois ou três minutos de exposição midiática.
Como é de sabença geral, a unanimidade é burra… perfeição, nem pensar. Assim, a baderna que é própria dos torcedores ingleses, e que é tradicional, se fez presente, mas…
Pois é. Por aqui transcorrem o Brasileirão, a Libertadores, a Sul Americana, a Copa do Brasil e ainda as competições das séries B, C e D, noves fora as segundonas dos estados brasileiros. Tudo após uma Copa América que… deixa pra lá.
Como justificar a intensidade constatada na quase totalidade dos jogos da Euro e a morosidade também mostrada integralmente nos jogos da Copa América? Profissionalismo? Cansaço não pode ser justificativa plausível. Eis que os europeus, assim como os sul-americanos, também vieram de exaustivos campeonatos em seus países ou dos países em que atuam.
Percentual altíssimo de jornalistas esportivos, pseudotorcedores e um bando de atletas de baixíssima formação moral, dia sim, outro também, continuam satisfazendo seus desejos e vaidades, dispensando treinadores como se mercadorias fossem. Uma lástima!
Oxalá o futebol empresa, a esperada SAF – sociedade anônima no futebol, projeto pendente da sanção do presidente da República – venha permitir e proporcionar a moralização, organização e planejamento pelo menos dos clubes – confederações e federações são outro papo -, pondo fim à insensatez, irresponsabilidade e espírito de aventura impregnados nas administrações de nossos clubes.
Infelizmente, não dá para fechar os olhos. O futebol virou um grande negócio, e como tal deve ser encarado. As gerações de torcedores dos dias atuais terão que se contentar com tal realidade, inclusive com mediocridades.
Felizes fomos nós que vivenciamos o futebol dos antigamente, cheio de glamour, de amor à camisa, de raça e de vergonha na cara, praticado por craques que não foram poucos em todos os sentidos. Não dá para enumerar, né?
Quando teremos um futebol organizado, sério, competente e responsável, dentro e fora das quatro linhas, com todos os atores sociais cumprindo seus papéis e respeitando os papéis de outros? Como diria minha saudosa e eterna primeira professora, a dona MARICOTA, lá de Vermelho Velho, município de Raul Soares, terra do Ziquita: “Nunca. Melhor dizendo, dia de SÃO NUNCA À TARDE”.
(*) Ex-atleta
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