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Por que torcer pelo Democrata?

Luísa Almeida (*)

Começou neste sábado (21) mais uma edição do Campeonato Mineiro, a principal competição de clubes do estado das alterosas. O campeonato é composto por 12 equipes de diferentes cidades de Minas Gerais, sendo o Esporte Clube Democrata o representante de Governador Valadares. A competição teve regulamento alterado e, desta vez, será disputada com as doze equipes divididas em três grupos de quatro, na primeira fase. Similar ao campeonato paulista, as equipes duelarão apenas com adversários dos outros grupos. O Democrata está no Grupo C, junto com o Cruzeiro, Ipatinga e o Tombense.

Nos próximos três meses, Valadares será Democrata e o Democrata será Valadares. Essa relação simbiótica evoca sentimentos de pertencimento. Ora, falar sobre a paixão e identificação dos torcedores da Pantera com o time pressupõe, também, contar a história da própria cidade. História essa que começou antes mesmo da profissionalização do futebol e quando ainda éramos Figueira do Rio Doce.

O Esporte Clube Democrata foi fundado em 13 de fevereiro de 1932, como uma dissidência do extinto Ibituruna Football Club que, por sua vez, era uma antiga divisão do Flamengo Football Club, o primeiro clube da antiga Figueira. O Democrata surge como Sport Club Democrata e logo viria a se tornar a única equipe da cidade recém-emancipada. Uniu, ‘democraticamente’ (perdão pelo trocadilho), os valadarenses e Valadares. Tem no seu currículo uma Taça Minas Gerais (1981), dois Campeonatos Mineiro Módulo II (2005 e 2016), uma Taça Inconfidência (2022), além de ser Tetracampeão do Interior (1991, 1993, 1994 e 2007). Em 1991, foi vice-campeão do campeonato, perdendo a final para o Atlético Mineiro. Primeiro clube do interior de Minas a disputar a Copa do Brasil, nunca perdeu um jogo no Mamudão pela competição nas três edições em que participou.

Em tempos de campeonatos estaduais, há sempre a discussão entre torcer ou não pelo clube local. Em sua esmagadora maioria, Valadares é dividida entre torcedores do Galo, Cruzeiro e Flamengo. Por que torcer pro Democrata? Bom, porque isso nos diz respeito ao nosso lugar, ao nosso povo e à nossa cidade. De acordo com a dissertação de Tiago Felipe da Silva (2011), “tornar-se democratense é antes de tudo ser valadarense e valorizar as coisas que existem na cidade. Uma relação de pertencimento que articula-se de maneira tão “amálgama” que chega a parecer óbvia para os torcedores. Ser democratense é ser valadarense. Falar da relação dos torcedores com o time e contar a história de suas próprias vidas na cidade” (p. 78).

Logo, um dos motivos para torcer pelo Democrata é por conta da sua relação com a cidade. Existe uma relação de pertencimento, de identificação e de representação no torcer. Isso porque, torcer implica pertencer. E se pertencemos a Valadares, queremos o seu melhor: para muitos, o clube alvinegro é um verdadeiro símbolo da cidade. A paixão pela cidade está entrelaçada com a paixão pela Pantera, que também se entrelaça com a paixão pela nossa gente.

Outro motivo para torcer pelo Democrata vem do que isso representa culturalmente. Em um futebol cada vez mais capitalista, globalizado e econômico, onde os grandes e ricos saem na frente por serem, justamente, grandes e ricos, torcer para uma equipe do interior, que não tem tanto poder aquisitivo quanto os demais e que depende do apoio e engajamento dos seus, é uma atitude contra-hegemônica. Adotamos uma postura de valorização do futebol “raiz”, da nossa história e do nosso futebol. Uma postura de resistência, de um futebol que sobrevive e resiste ao poder econômico e político. Afinal, resistir faz parte do futebol também. Como diz o hino: “Democrata, sinônimo de luta”.

E por fim, um motivo para torcer pelo Democrata vem puramente do lazer, da festa. Ir ao Mamudão é um divertimento à parte. É um ambiente propício para exercer e perpetuar vínculos de sociabilidade: encontrar amigos, familiares, bater papo, distrair um pouco da rotina exaustiva do dia a dia, sair para comer em um ‘gauchão’ depois. Tudo isso permeado por um jogo de futebol. É um evento de coletividades.

Concluo deixando um apelo aos valadarenses: que a ‘Maior do Interior’ possa continuar fazendo a diferença ocupando o Mamudão, torcendo, apoiando, cantando, resistindo e socializando.

O Democrata estreou na última segunda-feira com vitória sobre o xará de Sete Lagoas, por 1 a 0, no Estádio José Mammoud Abbas.


(*) Historiadora formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Mestranda em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

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