Dileymárcio de Carvalho (*)
Onde você está nas suas necessidades básicas profissionais? A teoria da Escola Hierárquica das Necessidades Básicas de Maslow, ainda de 1970, é muito conhecida. Hoje é um parâmetro, claro e muito racional, para identificar como um profissional se desenvolve nos vários níveis de necessidades. E não se pode falar em produtividade e “entrega”, se individualmente eu não conheço “onde estou” em minhas necessidades e se a empresa também não tem essa preocupação com seus colaboradores.
Então vejamos, Maslow hierarquizou as necessidades básicas, que depois foram organizadas como uma pirâmide (e vale ressaltar que ele não desenhou o modelo de uma pirâmide, essa representação, é apenas usada como recurso didático). São elas: NECESSIDADES FISIOLÓGICAS; NECESSIDADES DE SEGURANÇA; NECESSIDADES SOCIAIS; NECESSIDADES DE AUTOESTIMA; NECESSIDADES DE AUTORREALIZAÇÃO. Uma necessidade atendida leva ao nível seguinte nessa hierarquia.
As Necessidades Fisiológicas falam da sobrevivência do homem, como fome, sede, sono, abrigo. As Necessidades de Segurança estão no degrau de cima das fisiológicas e se relacionam com a segurança física, a estabilidade, o sentimento de dependência e proteção, a ordem, as leis. As Necessidades Sociais ou de afiliação se ligam à carência em amar, participar de grupos sociais, de clubes, igrejas. As Necessidades de Autoestima são a autoafirmação ou valorização das pessoas em relação a elas mesmas ou aos outros. Agora, o próprio Maslow reconheceu que a autorrealização é o nível mais difícil de ser desenvolvido. É a necessidade da pessoal em realizar ou atualizar seu potencial, de concretizar o que se acredita.
O grande desafio é que para o Maslow, a pessoa só segue para o nível mais superior de necessidades, quando os níveis anteriores já estão resolvidos e preenchidos. Essa é uma busca individual, mas é também uma responsabilidade das empresas e organizações.
E por mais que todas as obrigações profissionais de desempenho sejam cumpridas pelo colaborador, ou que a empresa também esteja dentro das leis trabalhistas, sem o conhecimento dos níveis de necessidade de todos os profissionais, dificilmente se pode falar em engajamento. E aqui um alerta: não force uma campanha de “pertencimento” sem esse cuidado.
Compartilho uma experiência pessoal profissional: Numa dinâmica em uma empresa com cerca de sessenta funcionários, pedi que cada colaborador identificasse, por meio de um teste, em qual nível da “Pirâmide de Maslow” ele estava. Também, os gestores e até proprietários participaram e se reconheceram em um dos níveis. No desenvolvimento da dinâmica, os gerentes, diretores e proprietários tiveram que identificar também em qual nível cada colaborar estava.
Divididos em seis grupos, os gestores receberam o perfil de necessidade e o nome do funcionário separadamente. Resultado: os gestores tiveram muita dificuldade para identificar em qual nível de necessidades os colaboradores estavam. Dos 51 funcionários que não eram gestores, apenas quatro tiveram suas necessidades identificadas por todos os gestores.
Fez-se silêncio na hora das avaliações com a presença de todos. E quais as lições os gestores tiraram: por “acharem” que os colaboradores são bons técnicos e por pagarem os “salários de mercados”, eles acreditavam na satisfação geral da equipe. E olha que há pouco tempo, eles tinham passado por uma avaliação de clima organização aplicada por uma consultoria externa. Mas eles não conheciam as reais necessidades das pessoas que trabalham com eles pelo menos quarenta horas semanais.
Quer saber o que aconteceu noventa dias depois, quando voltei para os alinhamentos de necessidades? Na próxima semana, falo sobre cada um dos níveis e como a gestão da empresa lidou com essa questão e como estão hoje os colaboradores. Mas você também pode fazer contato comigo pelo meu e-mail aqui na coluna, compartilhando sua necessidade e questionando como fazer seu alinhamento estratégico profissional.
(*) Dileymárcio de Carvalho
Psicólogo Clínico Comportamental
CRP:04/49821
EMAIL contato@dileymarciodecarvalho.com.br
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