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Período de festas juninas é marcado por movimentação da economia, alegria do público e resgate de tradições

FOTO: Pixabay

Comidas típicas saborosas, bandeirolas de cores vivas, roupas quadriculadas e música dançante. Às vezes, com direito ao bem humorado “casamento na roça” e até mesmo a um forró em volta da fogueira. Assim é chegado o período das festas juninas em Minas Gerais e em todo o Brasil. Para algumas pessoas, a festa é religiosa. Para outras, uma tradição cultural. Mas para todos, é tempo de celebrar. Até mesmo no cenário econômico.

O Ministério do Turismo informou, no início deste mês, que as festividades dos santos cristãos Antônio, João e Pedro devem mobilizar mais de 26,2 milhões de pessoas e arrecadar cerca de R$ 6 bilhões em todo o país – lucro 76% maior do que no ano passado, que gerou mais de R$ 3,4 bilhões, segundo o Governo Federal.

Do francês “arrière”, que significa “de volta”, a palavra ‘anarriê’, quando gritada em meio a uma dança junina, é sinal para que os pares voltem ao lugar de origem. Aliás este é também o intuito da festa junina: convidar o povo brasileiro a revisitar a história de um jeito bem divertido. De acordo com o artigo desenvolvido, em 2020, pelo historiador Daniel Neves para o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) do Distrito Federal, a origem das festas juninas partiu de festividades realizadas na Europa, nos períodos de transição da primavera para o verão. O objetivo, segundo o historiador, era festejar e também proteger as colheitas do campo.

“Essas festas eram realizadas como forma de afastar os maus espíritos e qualquer praga que pudesse atingir a colheita. Para melhor entendermos isso, é preciso considerar que o solstício de verão no hemisfério norte acontece exatamente no mês de junho. As comemorações realizadas por diferentes povos pagãos europeus começaram a ser cristianizadas a partir do momento em que o Cristianismo se consolidou como a principal religião do continente europeu. Assim, a festa originalmente pagã foi incorporada ao calendário festivo do catolicismo”, detalha o artigo publicado no site da instituição.

As comemorações de junho passaram a destacar, portanto, os santos cristãos celebrados no mês, sendo eles: Santo Antônio, dia 13; São João, dia 24; e São Pedro, dia 29. “Por fim, muitos elementos típicos das comemorações pagãs ganharam novo significado”, explica o artigo de Daniel Neves. Dessa forma, as comemorações de junho, que já eram uma prática dos portugueses, vieram para o Brasil juntamente com a colonização e se popularizaram, especialmente, nas comunidades rurais.

Hoje, vestir-se de caipira e dançar ao som de canções típicas “da roça” se tornou parte da identidade do Brasil nesta época do ano. O que para a valadarense Marcele de Oliveira Veiga, é motivo de alegria. Junto com o esposo Valtair, Marcele acumula mais de 9 mil seguidores no instagram, onde o casal compartilha, com muito alto astral, a rotina deles com algumas características da vida no campo. E foi pensando em unir o útil ao agradável, que Marcele decidiu fazer o ‘Arraiá dos Amigos’, uma festa junina colaborativa, entre familiares, amigos e conhecidos.

Marcele conta que a festa junina, no começo, era só para a família, como uma forma de se divertir sem sair de casa. Mas agora ela decidiu propagar a ideia. “Em 2020, com a chegada do covid, pararam festas, a gente não podia sair. Então a primeira vez que eu fiz foi em Goiabeira, em casa, só com meus familiares. A gente pensou ‘vamos fazer uma fogueira em casa, a gente põe umas comidas típicas do mês de junho, milho cozido, assado, papa de milho verde, pipoca, canjicão, caldo’. Então a gente viu, ali, uma forma de estar comemorando o dia de São João, Santo Antônio, o mês de junho. E foi muito bom!”, lembra.

Os queridinhos do cardápio desta época, segundo o histórico das festas juninas do Brasil, são as receitas à base de milho, amendoim e mandioca. Caldinhos diversos e bebidas quentes também fazem sucesso nas festas, além das comidas tradicionais de cada estado. Em Minas, não pode faltar o pastel de feira, as tortas e o indispensável feijão tropeiro. Enfim, meios para desfrutar de um agradável e saudoso ‘arraiá’ não faltam.

“O que eu espero, este ano, trazendo o arraiá na minha casa, é que seja um momento de descontração, de se reunir para bater um bom papo, esquentar do frio na fogueira. É bom a gente sempre estar resgatando as raízes que a gente cresceu vendo nas escolas, as pessoas comemorarem. É legal a gente poder acender uma fogueira, ficar em volta dela, contar histórias, ouvir músicas juninas, dançar um forró, um xaxado, um xote, tomar um quentão, comer uma canjica”, comenta Marcele.

A influencer destaca o poder de épocas como esta para o resgate das memórias afetivas e a partilha de bons sentimentos. “É uma forma de a gente estar comemorando e resgatando raízes ao mesmo tempo. É um mês em que a gente pode comemorar a vida, o amor. [Os santos do mês de junho] São santos que vêm à nossa memória e nos remetem a uma coisa boa, a lembranças de carinho, de afeto com as pessoas que a gente ama. Então é muito importante a gente resgatar essas raízes, porque a festa junina não é mais uma festa pagã. A gente comemora o mês, a colheita, a fartura e, de quebra, a gente agradece a São João, Santo Antônio, por todas as bençãos dadas. Muitas pessoas, às vezes, não gostam de comemorar, por falarem que a gente está adorando os santos. E não é isto. A cultura da festa junina é alegria. Você vê balão, bandeirolas, é uma festa de cores e de muita fartura, que é o que a gente vê nas mesas”, afirma.

O secretário municipal de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, Kevin Figueiredo, defende a cultura das festas juninas como uma ferramenta para manter a harmonia nas comunidades. “A importância de manter a tradição das festas juninas está, primeiro, em garantir a sociabilidade da comunidade. Nos momentos de festa junina, a gente consegue, através das festas culturais, criar esses ambientes de sociabilidade. Aqui em Valadares, a gente percebe muito as festas de rua, com os vizinhos. Isso garante uma maior interação entre eles, melhorando, assim, o convívio entre as pessoas do próprio bairro. Essa é uma característica muito especial da cultura. Então, sobre as festas juninas, o ponto primordial, é garantir esse convívio social entre comunidade, para que as pessoas possam se encontrar umas com as outras e se divertirem juntas. Seja através das comidas típicas, das danças, mas, sempre, através do encontro”, enfatiza.

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