Meus amados irmãos e irmãs, que o Deus da esperança e da paz esteja e permaneça em cada coração.
Sem o intuito de abrir debates, mas de provocar reflexão, hoje abordo um tema instigante e, muitas vezes, controverso.
Quem de nós nunca ouviu a expressão: “O jovem é o futuro da Igreja”?
Ora, completo, dentro de aproximadamente dois meses, 62 anos de vida, e desde que me entendo como cristão, ouço essa fala — que, ao meu ver, é muito mal construída. Dita isoladamente, é uma redundância ou, no mínimo, uma definição lógica. O jovem, invariavelmente, sempre será o futuro de algo um dia.
Melhor estaria assim: “O jovem verdadeiramente cristão pode construir o futuro da Igreja.”
É muito arriscado predefinir uma Igreja futura com base em paixões que podem ser tão somente momentâneas. É maravilhoso vermos a efervescência da juventude com louvores que fazem se “rasgar” em emoções. Porém, pela sua própria natureza e condição, o jovem ama se manifestar efusivamente, por entender (alguns) que o amor e a atenção de Deus estão vinculados ao choro e às lágrimas na comunicação da fé. Ledo engano.
Lembro-me lucidamente que, num tempo não muito distante, criei e coordenei um grupo de jovens. E esse grupo ganhava, mesmo que lentamente, uma base sólida, de modo a resistir às forças desafiadoras de desencorajamento. Eu tinha, com muita firmeza, esse projeto sob controle, mesmo sabendo que meus carismas pessoais iriam, em um momento ou outro, confrontar com os apelos da juventude atual — que pede pulos, palmas e danças. Nada contra isso, mas “pisa-se em ovos” para que não haja desânimo ou desistência no meio do processo.
O temor maior está no ponto em que se exalta a alegria do mundo no “eu” e se acaba esquecendo de exaltar o Cristo, a alegria eterna. Cristo jamais poderá deixar de ser o Centro.
Voltando ao grupo de jovens: ele simplesmente se desfez por um novo apelo e nova concepção de juventude. A partir de um chamamento sinodal, começou a surgir, não um novo jeito, mas um jeito diferente de jovens na Igreja.
Numa visão bem particular, acredito que, em respeito ao grupo já existente, essa retomada poderia nascer a partir dele — e não enterrá-lo no esquecimento.
Enfim, a diferença entre os dois estilos se evidencia no conceito.
O grupo de antes era orientado com pés firmes e consciência clara das realidades da Igreja enquanto comunidade de comunidades. Já nos estilos modernos, correm-se riscos de uma juventude voltada prioritariamente — às vezes exclusivamente — à oração.
Como podemos definir o futuro de uma Igreja que somente ora?
Gosto muito da descrição da Medalha de São Bento: “Ora et labora.” Aliás, a frase completa — “Ora et labora, Deus adest sine mora” — significa: “Reza e trabalha; Deus se apresenta sem demora.”
Eu não me canso de citar, nessas situações, a parábola dos cinco pães e dois peixes. Quando apresentaram a Jesus o drama de alimentar milhares de pessoas com apenas cinco pães e dois peixes — algo humanamente impossível — o Mestre foi peremptório. Em termos mais populares, talvez quisesse dizer, ao ordenar: “Dai-lhes vós mesmos de comer” — “Se virem!” Tanto funcionou que, de acordo com os escritos, sobraram alimentos suficientes para encher doze cestos.
Aí entra o que tento dizer: seguir Jesus, orar e adorar não é suficiente. É necessário arregaçar as mangas e ir à luta. Trabalhar. Ele pede.
Prefiro pensar na juventude que ora, mas que se preocupa com o todo da vida em comunidade — com o pobre, o doente, o nu, aquele que sente fome, frio, sede ou está preso. A juventude que ora e se lança aos desafios da natureza humana, pecadora e fragilizada, é a juventude que me anima a ter melhores expectativas para a Igreja do futuro.
Mas, sobretudo, não se deve descarregar apenas sobre os ombros da juventude a responsabilidade de conduzir e construir um novo amanhã.
Que seu domingo seja santo, e sua família, santificada.
(*) tiaoevilasio1@gmail.com
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.






