Na última terça-feira, o Rio de Janeiro viveu um dos dias mais dolorosos de sua história recente. A “Operação Contenção”, nos complexos do Alemão e da Penha, deixou uma ferida profunda que parece não cicatrizar. Os números, chocantes e frios, nos contam sobre 121 vidas perdidas. Mas por trás de cada número, havia um ser humano, com sonhos, preocupações e uma família que agora chora sua ausência. Entre eles, a dor se estende às famílias de quatro policiais, dois militares e dois civis, que não voltaram para casa ao final de um dia de trabalho. A morte deles, cumprindo o dever de proteger, nos lembra da fragilidade da vida e da necessidade de paz.
Essa tragédia abalou o país, mostrando a dura realidade de que ainda estamos distantes do caminho da paz. A Constituição, que garante a igualdade de todos perante a lei, é mais do que um texto: é a promessa de que cada vida importa e de que a verdade, por mais dura que seja, precisa ser revelada com respeito e seriedade. O Estado tem a responsabilidade moral e legal de dar respostas, de oferecer consolo e justiça às famílias dos que morreram.
A maior parte dos homens e mulheres que compõem a Polícia Militar e Civil são pessoas de bem, que arriscam suas vidas para proteger a sociedade. O que eles desejam, assim como qualquer um, é trabalhar com dignidade, voltar para casa em segurança e ficar com a família no fim do dia. Eles merecem ser valorizados, ter um bom treinamento e o amparo do Estado. O uso legítimo da força deve ser sempre guiado pela lei e pelos direitos humanos, pois justiça não é vingança, mas o equilíbrio que se busca com firmeza, consciência e humanidade.
A transparência, reforçada por ferramentas como as câmeras corporais, é crucial para que a verdade prevaleça. Elas podem ajudar a identificar criminosos e excessos, garantindo que a justiça seja feita. Um policial que age corretamente não teme a filmagem, pois sabe que a lei é seu guia. Essa clareza é o que aproxima a polícia da sociedade e fortalece o respeito mútuo.
As milícias, agindo como um “estado” paralelo e espalhando medo, são um dos desafios mais urgentes a serem enfrentados no Rio de Janeiro. É preciso combater esses grupos, que traem o juramento de proteger a população, com a mesma determinação usada contra as facções criminosas como o Comando Vermelho e o PCC. Todos os envolvidos, de quem financia a quem comanda, devem ser responsabilizados. A conivência com o crime apenas prolonga a dor e a falta de paz.
O Brasil precisa repensar sua segurança pública. A violência não se vence apenas com fuzis, mas com inteligência, planejamento e união. É urgente que o Congresso vote a PEC da Segurança e crie o Sistema Único de Segurança Pública, inspirado no SUS, para unir as forças federais, estaduais e municipais. Segurança pública não é assunto de um governo. É compromisso de um país inteiro. Quando há integração, há mais eficiência, menos erro e mais vidas preservadas.
O Rio de Janeiro, e todo o Brasil, clama por um novo começo, por um futuro de paz. Que o sangue derramado não seja apenas uma triste estatística, mas uma lição que avance para a mudança. Que a firmeza do Estado seja acompanhada de humanidade. Que os bons policiais sejam reconhecidos, e os excessos, punidos. Que cada vida perdida seja lembrada com respeito e verdade. A verdadeira vitória será quando todos puderem voltar para casa, vivos e em paz, pois a segurança nasce da justiça, e a justiça só existe quando a vida é o maior valor de um povo.
(*) Glêdston de Araújo é professor universitário | Bacharel em Direito pela Fadivale | Mestre em Tecnologia, Ambiente e Sociedade pela UFVJM | (33) 9.9874-1891 | @prof.me.gledstondearaujo
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Comments 1
Doloroso para o crime organizado, no texto fala dos criminosos mortos como se fossem pessoas trabalhadoras chegando de um dia longo e cansativo de trabalho, e sendo mortas por bandindos que apenas estão roubando seus celulares para tomar uma cervejinha ou sendo mortas enquanto o bandido leva seu carro e ou sua moto.