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O rap é compromisso, não é viagem; conheça a ‘Batalha de Rap’

Por meio da Música, poesia, dança, moda, grafite e outros elementos, o Hip Hop, um movimento artístico e cultural, cria uma estética urbana e única, usando como bases críticas à desigualdade social, à violência e ao racismo, principalmente nas periferias. As Batalhas de Rap, que reúnem Mcs, poetas e amantes da cultura hip hop, são um espaço para cantar, falar e debater temas como a pobreza, preconceitos, drogas e a falta de infraestrutura.

Em Valadares, a Batalha de Rap que reúne adolescentes, jovens e adultos, acontece aos domingos e tem como palco o Deck, próximo à Feira da Paz, no Centro da cidade. Danilo Nunes, mais conhecido como Korvo, além de Técnico em TI e organizador da Batalha do Deck há 4 anos, contou que o encontro é tradição há 10 anos na cidade. De acordo com ele, mais do que um gênero musical, o Rap é uma manifestação cultural e a batalha é extremamente importante para solidificar a cultura e mostrar o peso do Hip Hop na vida de quem o faz.

Hoje, a Batalha do Deck conta com o apoio de parceiros, mas toda a estrutura é por conta dos organizadores e dos próprios Mcs, que, inclusive, lutaram para conseguir a caixa grande de som em um edital de fora da cidade. “Somos independentes. Contamos com apoio de parceiros, mas somos nós que vamos atrás de tudo que precisamos. A batalha tem apoio do Coletivo Deck, que preza pela música, poesia, grafite, dança, e outros tipos de arte”.

“O Rap ajuda a colocar tudo para fora, tanto as coisas boas quanto ruins. Ele nos dá voz em uma sociedade que não nos aceita, trabalha a autoestima e causa uma sensação de pertencimento. É também uma forma de educação. Por meio do Hip Hop, do Rap e do Funk, buscamos construir uma sociedade justa, com mais educação e menos violência, principalmente contra o preto favelado”, afirmou.

Para participar da Batalha, os Mcs podem se inscrever na hora. Assim é feito o sorteio das chaves e começam as batalhas, até restar um vencedor ou uma dupla vencedora, caso a batalha seja feita em dupla. “Se a Batalha conseguir algumas parcerias na semana, o vencedor ganha um prêmio, mas se não for o caso as comemorações são as mesmas. Além dos encontros nos domingos, a Batalha do Deck faz intercâmbios com outras batalhas e muitos MCs daqui também competem em outros estados. Em Valadares, não repercutimos muito, mas disputamos o campeonato Regional, Estadual e Nacional de Rimas. Temos bons MCs em GV”.

Preconceito em olhares

Por ser um ritmo que historicamente dá voz a grupos marginalizados ou que vivem em situações de vulnerabilidade, a batalha de rap ainda é, muitas vezes, mal vista. Algumas pessoas que observam a batalha no Centro da cidade ainda não entenderam o propósito do movimento, que é pregar o amor e o respeito.

“O hip hop busca levar conscientização sobre os efeitos das drogas e do crime na vida das pessoas. Algumas vezes, durante a batalha, vemos alguns olhares negativos, como se fôssemos arruaceiros, mas na batalha nós mostramos que, por mais que sejamos jogados para essa realidade, precisamos sair das armadilhas, e que a arte, o hip hop, contribui para isso”.

Se você acha que essa galera se junta apenas para fazer música, está muito enganado. É por meio da Batalha do Deck que os jovens e adultos que participam e assistem à disputa realizam ações sociais em Valadares.

“O Rap e a Batalha não são só uma diversão, é uma filosofia de vida e não dá para pregar o amor e respeito se não olharmos o que a cidade tem de demandas que podemos ajudar. Seja por meio de doações, como o Projeto Varal Solidário; de ajudas solidarias, como nas enchentes que atingiram os ribeirinhos; ou por meio da educação, com palestras e oficinas”, disse.

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