Atualmente, é muito comum ouvirmos falar sobre empreendedorismo e sua importância para o desenvolvimento econômico. Embora muitos ainda associem o conceito à criação de um negócio, o empreendedorismo vai muito além: é um comportamento que favorece uma visão crítica da realidade e a maior consciência sobre o papel do indivíduo na construção de seus projetos pessoais e profissionais.
No ambiente educacional, no entanto, o conceito de empreendedorismo ainda é pouco difundido. É possível ensinar empreendedorismo na escola? Como desenvolver competências empreendedoras nos estudantes e prepará-los para assumirem o protagonismo na realização de seus objetivos de vida?
É relevante destacar que o empreendedorismo é um tema que precisa ser abordado para além de uma disciplina, componente curricular ou área de conhecimento isolada. É muito importante compreender o empreendedorismo como uma competência e o seu desenvolvimento, associado a práticas interdisciplinares, possibilita um aprendizado significativo. Mas como isso é possível?
A resposta está no desenvolvimento de uma prática educacional baseada em competências essenciais. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe essa abordagem, definindo 10 Competências Gerais que fundamentam as práticas pedagógicas na Educação Básica. Desde a aprovação da BNCC, a educação empreendedora vem ganhando força e espaço no ensino brasileiro, uma vez que o desenvolvimento de competências empreendedoras está alinhado às novas diretrizes da educação no país, sendo conteúdo transversal no documento.
Assim, quando pensamos na implementação da educação empreendedora nas escolas, é crucial que o educador tenha em mente como essas competências podem ser desenvolvidas e sua aplicação na vida. É necessário abordá-las de maneira ampla, sem limitá-las a determinado componente curricular, possibilitando ao aluno a oportunidade de se tornar protagonista e fazer suas próprias escolhas. A estrutura de competências possibilita a construção efetiva de conhecimentos, habilidades e atitudes, além de um pensamento crítico na criação de soluções para os problemas do cotidiano.
O Sebrae define a educação empreendedora como uma estratégia de ensino/aprendizagem que reúne competências técnicas e comportamentais que formam pessoas capazes de gerar valor para si e para o mundo. Uma poderosa ferramenta, que guia os educadores no despertar de uma nova mentalidade nos estudantes, tornando-os cidadãos autônomos e transformadores.
Por acreditar no poder transformador da Educação Empreendedora, o Sebrae propõe iniciativas para estimular e difundir o empreendedorismo nas escolas. Uma delas é o Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE), que visa fortalecer a cultura empreendedora nas escolas das redes pública e privada de todo o Brasil. Por meio desse programa, o Sebrae capacita educadores para levarem conteúdos e metodologias de empreendedorismo para os currículos dos diferentes níveis de ensino. Em 2023, o PNEE completou 10 anos, impactando mais de 188 mil professores e 2,9 milhões de estudantes em todo o estado.
Além disso, uma ação pioneira de educação empreendedora no estado é a Escola do Sebrae, que completa 30 anos em 2024. A instituição, reconhecida nacionalmente por sua metodologia inovadora, alia o Ensino Médio ao curso técnico em Administração ou Marketing, estimulando nos estudantes o desenvolvimento de competências e habilidades empreendedoras, e preparando os jovens para os desafios do mercado. Esse projeto inspirou há 14 anos a criação do Núcleo de Empreendedorismo Juvenil, projeto social que oferece a mesma metodologia, de forma gratuita, a jovens da rede pública.
A formação empreendedora na educação é o caminho para desenvolver estudantes protagonistas dos seus saberes e projetos de vida. Por isso, o Sebrae atua para disseminar a prática da educação empreendedora nas instituições de ensino, entendendo que, apesar dos desafios de sua implementação, ela é fundamental para a transformação social e econômica do nosso estado e do Brasil.
(*) Gerente da unidade de Educação Empreendedora do Sebrae Minas
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.