Por Marcelle Justo (*)
A produção de vinhos no Brasil remete à chegada dos colonizadores europeus por aqui. A legislação, no entanto, veio bem depois. Em 1988, uma lei federal estabeleceu que: “vinho é a bebida obtida pela fermentação alcoólica do mosto simples de uva sã, fresca e madura”. O texto viria a sofrer pequenas alterações nos anos seguintes, mas permanece em vigor. Três décadas depois, o Ministério da Agricultura, Agropecuária e Abastecimento (MAPA) editou, finalmente, as instruções normativas que detalham os critérios técnicos da bebida. Às já existentes classificações – “mesa” e “fino” – foi criada uma terceira: o vinho “nobre”, com graduação alcoólica superior, entre 14,1 e 16%.
Como o teor alcoólico é diretamente ligado à quantidade de sol e calor que as videiras recebem, a notícia da nova classificação tinha tudo para agradar aos produtores nacionais. Já na safra de 2018, havia frutas com boa maturação para atingir essa quantidade de álcool e alta concentração de taninos para integrá-lo na bebida e trazer equilíbrio para a garrafa.
MIOLO LOTE 43
O Miolo Lote 43 é um desses exemplares. Com 15% de teor alcoólico, o corte de Merlot e Cabernet Sauvignon é produzido na primeira parcela de uvas plantadas pela família, que hoje é um gigante do setor. Como a própria indústria define, tem “elevada estrutura e bom volume de boca, taninos redondos que, aliados à adequada acidez, fruto da excelente maturação, conferem singular frescor e ímpar equilíbrio”. É um vinho tinto ideal para harmonizar com churrasco.
Da fazenda Capetinga, no Sul de Minas, saem alguns vinhos nobres com a grife Maria Maria. Para compra on-line, atualmente, há disponível o Érica Gran Reserva, varietal de Syrah, safra 2018, e o Glória, também varietal da mesma casta, safra 2021. Ambos com aromas de geleia e compota de frutas, com uma diferença clara entre as garrafas. O Gran Reserva, conforme a normatização de 2018, precisa necessariamente passar por 18 meses de amadurecimento, sendo seis meses em madeira. Isso traz ao vinho um leve sabor de especiarias e frutos secos.
Os brancos e rosés também podem apresentar teor alcoólico acima de 14,1%. É o caso dos vinhos da casta branca Viognier produzidos, na Serra Fluminense, pela vinícola Inconfidência. No paladar, as frutas aparecem menos ácidas. Um presente para os sentidos!
HARMONIZAÇÃO
Os vinhos nobres são vinhos potentes e, portanto, é desejável que a comida também tenha intensidade. Para os tintos, carnes bovinas de longo cozimento podem ser uma boa opção. Para os brancos, aves assadas ou lombinho de porco.
RÓTULOS
Toda a normatização do Ministério da Agricultura sobre os vinhos está estampada nos rótulos. Mas para quem prefere vinhos mais adocicados, sem tanta acidez, os indicados são os vinhos finos suaves.
(*) Jornalista e sommelière/Especialista em vinhos
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