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O Morro do Carapina

FOTO: Arquivo/DRD

Esta narrativa é um recorte da história de Governador Valadares. Para escrevê-la, contamos com preciosas informações do Sr.João Rosado, de 87 anos de idade,  valadarense tradicional, historiador vivo, que vem a ser filho de Idelond Rosado, patriarca de família pioneira, que chegou aqui em 1928, o primeiro dentista habilitado do município. Foi ainda o primeiro dono de garagem de aluguel de bicicletas que se tem notícia na região. O artigo de hoje  conta um pouco sobre o bairro Morro do Carapina, um passado excêntrico.

De acordo com Rosado, o bairro era uma fazenda que até o final da década de 40 pertenceu ao Sr. Tunico Carapina, de onde originou o nome.  Provavelmente aquela área foi loteada e ocupada  aos poucos até ficar como nos dias atuais. A Avenida Minas Gerais, a partir do Mergulhão, passando pela Praça da Waldinelly, pelo bairro Cidade Nova até a BR-116, era conhecida como estrada do caminhão, na época eram poucos os automóveis.

Hoje quase todas as ruas que dão acesso ao Carapina homenageiam as cidades da região Leste de Minas Gerais. No sentido Centro/Bairro, sem contar a primeira, que é a Otoniete Fernandes, e a última que é a Gentil Dias (entre um supermercado e a igreja),  todas as outras nessa ordem são: Tarumirim (na esquina fica a Igreja Presbiteriana Memorial), Inhapim, Caratinga (uma farmácia na esquina), e Guanhães.

A Rua Barão do Rio Branco passa pelo Hospital São Lucas, pela linha férrea da Vale,  e continua até o início do Carapina. Só que em 1970 muda de nome, passa a se chamar Cacique depois da construção do muro,  homenagem que os vereadores da época fizeram ao ilustre ex-vereador Ilson Índio do Brasil Carreira, morador da área. Logo na subida ao lado direito até mais acima, havia uma pedreira de propriedade do Sr. Raimundo Candinho, que posteriormente foi desativada. Dali saiu muita matéria prima. A rua Cacique, no trecho da ex-Barão Rio Branco cruza com as ruas Tupã e Tupinambás.

Antes a linha férrea passava pela Avenida Brasil, ali próximo a rádio Mundo Melhor, Fórum, e seguia pela mesma avenida depois da rodoviária. Em 1948 foi mudada para onde se encontra hoje. Os trabalhos da mudança ficaram a cargo da Morris Knudsen, empresa canadense, que trouxe para Governador Valadares engenheiros e trabalhadores americanos. 

Subindo pela rua Tarumirim até pouco mais de sua metade, após uma escada, foi construída uma caixa d’dágua subterrânea com uns 05 (cinco) metros de diâmetro e 04 (quatro) metros de profundidade, que nunca foi utilizada, está lá até hoje, dizem que é mais fácil deixar assim, por isso não foi demolida.  Os garotos usavam para brincar, entravam em seu interior, onde aprendiam a fumar escondido dos pais. Próximo a esse elefante branco localizava a antena da outrora Rádio Educadora, e perto de sua base residiu em uma casa por muitos anos o radialista de polícia Moacir Marques.

Na rua Arthur Foratini, esquina com Avenida Minas Gerais, ficava a porteira da fazenda do Sr. Tunico Carapina, cujo pasto ia até o córrego do Figueirinha, que corre ali mais abaixo no canal do bairro Santa Helena. A Igreja Nossa Senhora das Graças, ficava também em área de pastagem, entre 1950 e 1951 foi construída primeiramente uma capela, que teve como liderança devota a Sra. Maria Gentil Dias, que recolheu os recursos financeiros para sua edificação, posteriormente se transformou naquela paróquia. A Sra. Maria era esposa do Sr. Gentil Dias.

Completando o “tour” pelo outro lado da avenida Minas Gerais, a área que fica na continuação da rua Peçanha, da linha férrea até a antiga Serraria da Imapebra, vendida depois aos Tassis, era conhecida como bairro do Sapo, devido aos brejos e seus residentes naturais. Quase frontal onde fica hoje a estação de trens, antes do muro da Vale, funcionou a olaria do Sr. Alfredo Fabri, que na década de 1950 fabricava tijolos de qualidade, que contribui para muitas construções.

A conhecida Praça da Estação foi campo do Esporte Clube Democrata. Em 1948, o prefeito Dilermando Rodrigues de Melo, que teve início de seu mandato em 15/12/1947, trocou o campo do ECD naquele largo para o quarteirão da rua Oswaldo Cruz. Antes esta área estava prevista para ser o segundo cemitério da cidade, inclusive há relatos de que ali  estão enterrados alguns corpos. E no presente, na época do rei Momo, o neologismo Carnapina celebra seu nome.


(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@gmail.com | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente

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