Nos tempos idos que não voltam mais, pulávamos o muro que circunda o estádio do Democrata Pantera, que ainda respondia pelo nome de Estádio Governador Magalhães Pinto, para ver jogar o Democratinha de Bolivar, Wilson, Pena, Dé, Marcelo, Ubaldino, Otacilinho e outas cobras criadas. As preliminares eram empolgantes exatamente pela qualidade do futebol apresentado por parte da garotada da Osvaldo Cruz.
Época de juiz apitando de calça e tudo, com a vaca mugindo, a cobra fumando e o pau quebrando, levando o torcedor ao delírio pela qualidade dos espetáculos normalmente apresentados em especial pelo clube da casa.
Tempos de árbitros famosos como Alberto Gama Malcher, de Cidinho “bola nossa”, de Joaquim “cocó”, de José Aparecido, de Anacleto Pietrobom, de Agomar Martins, de Catão Montez Júnior, de José Roberto Wright, de Olten Ayres de Abreu, de Armando Marques e de inúmeros outros, coincidindo com o aparecimento de “nosso” Ângelo Antônio Ferrari “bola nossa”.
Tempos em que o futebol aos domingos começava as 15.00h com 15 minutos de tolerância, sem a previsão de substituições, salvo a do goleiro quando contundindo, inexistindo os desmoralizados cartões amarelo e vermelho que andam fazendo a diferença em muitas situações nos jogos dos dias atuais.
Clube de Regatas do Flamengo e Corinthians Paulista se digladiaram em São Paulo em partida decisiva para se conhecer um dos finalistas da copa do brasil da presente temporada.
Ainda na primeira etapa, antes dos 30 minutos, de forma imprudente, porém não dolosa, o flamenguista Bruno Henrique se excede e sua chuteira atinge um adversário na cabeça, sendo imediatamente expulso de campo. Muda todo o cenário da partida…
Para os menos avisados, entre DOLO e CULPA há uma diferença monstruosa, verdadeiro abismo intransponível. Enquanto no dolo há uma vontade clara de fazer ou produzir algo, na culpa normalmente se faz presente a imprudência, jamais a manifesta vontade de fazer.
A correria, a intensidade e loucura desenfreada em que se transformou o futebol da atualidade, levaram “dona Fifa” a promover uma série de alterações, baixar normas e recomendações pertinentes as arbitragens, motivando ou dando causa a resultados inesperados nos jogos de futebol, em função de inovações nas arbitragens.
O ritmo louco imprimido no futebol dos dias atuais – desprezando a antiga máxima de Didi e Gerson de que “a bola é que deve correr”, está fazendo com que inúmeras expulsões ocorram quando na disputa entre dois atletas o cotovelo, braço ou mão de um deles acaba por atingir involuntariamente o outro.
Também em disputas outras, quando a chuteira de um disputante acaba por se sobrepor à chuteira ou mesmo o pé do contendor, expulsões vem ocorrendo, ainda que o ato praticado seja decorrente de excesso impreciso e não calculado.
A máxima de uma disputa futebolística com o equilíbrio de forças deve ser buscada pelos “velhinhos” da Fifa ou International board, suprimindo das contendas as situações fortuitas que vêm provocando diferenças e mudando/alterando resultados de muitos jogos, o que não é salutar.
Quem sabe a aplicação de um cartão alternativo que implicaria na substituição do atleta imprevidente ou mesmo sua retirada por alguns minutos do campo de jogo seria medida razoável, menos injusta e atenderia plenamente a título de penalidade ao injusto praticado de forma culposa?
O equilíbrio numérico de contendores em uma partida de futebol é fundamental para que cada esquadra possa buscar o resultado almejado, colocando em prática suas qualidades, técnicas e inovações que foram exaustivamente trabalhadas em preparativos avançados nos dias atuais.
(*) Ex-atleta
N.B. – Os Deuses do futebol estiveram ao lado de FILIPE LUIS à frente do Clube de Regatas do Flamengo quando da partida frente ao Corinthians e por ocasião da expulsão de Bruno Henrique. A inovadora substituição ocorrida surtiu os efeitos desejados para a oportunidade, frustrando os maléficos críticos de plantão. É muito difícil ser técnico de futebol no Brasil…