Por definição histórica, os grandes líderes são aqueles que conseguem agregar mais gente às suas ideias, induzindo de forma positiva o meio em que atuam, em busca de mudanças e desenvolvimento. O seu êxito é a herança que eles constroem, enquanto exercem a sua missão. De modo geral, são excelentes comunicadores, capazes de dar o recado certo, ao público certo e na hora certa. De forma proativa, estimulam uma luta constante por melhorias. Sua maior virtude é o autoconhecimento, que lhes dá consciência de seus próprios atributos e limitações. Com esse perfil, ao qual normalmente se somam a bravura, o desprendimento e a autoridade, eles são pessoas que fazem a diferença.
Líderes existem aos milhares, a maior parte com renome circunscrito a uma determinada região ou a certo país, tipo Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, os brasileiros mais consagrados. Mas há também um enorme contingente de personalidades cuja fama se estende mundo afora, tamanhas foram as consequências da liderança que exerceram. É o caso dos sempre lembrados Mahatma Gandhi, Napoleão Bonaparte, Franklin Roosevelt, Madre Teresa de Calcutá, Martin Luther King, Mao Tsé-Tung, Abraham Lincoln, Adolf Hitler e vários outros, sem falar em Jesus Cristo, que muitos consideram o maior de todos. Nessa galeria sempre há espaço para mais personalidades que, no dia a dia, surpreendem o mundo, pela grandiosidade de suas obras. Listas mais recentes incluem Steve Jobs, Barack Obama, Margaret Thatcher, Walt Disney, Bill Gates, papa Francisco, Donald Trump e até Kim Jong-un.
Em meio a todos esses, há alguém que é quase uma unanimidade universal, em termos de reconhecimento e aplausos pela sua obra. Falo de Nelson Rolihlahla Mandela, o homem que, após quase trinta anos de prisão, conduziu seu país ao fim do “apartheid”, sistema de segregação da população negra, que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994, sob o comando de uma minoria branca. Instituído pelo Partido Nacional da República da África do Sul, o “apartheid” visava alcançar o desenvolvimento através do isolamento político, econômico, social e territorial de diferentes “raças”. Nessa época, entre outros absurdos, só os brancos podiam votar, enquanto proibia-se o casamento e as relações sexuais entre pessoas de diferentes raças.
Envolvido com o movimento de libertação promovido pelo partido Congresso Nacional Africano (CNA), Mandela foi preso, em 1962, por traição e conspiração contra o governo. No cárcere, tornou-se um símbolo da luta contra o “apartheid”. De lá, conseguiu mostrar a importância de todos se unirem para a construção de uma democracia, independentemente de posição política e racial.
Embora condenado à prisão perpétua, ele foi solto em 1990, por ordem do então presidente, Frederik Willem de Klerk, quando recrudescia a luta civil naquela área.
Libertado, com o seu país já em clima de distensão, Mandela começou a preparar sua candidatura para as eleições presidenciais programadas para 1994. Fez várias viagens ao exterior, cobrando de alguns governos, inclusive do brasileiro, a manutenção das sanções comerciais à África do Sul, até que o direito de voto fosse garantido também aos seus cidadãos negros. Esteve por cinco dias no Brasil, pelo qual se disse “sufocado de tanto amor”. Com esse sentimento, retornou em 1998, para uma visita oficial a Fernando Henrique Cardoso.
A eleição de Mandela, em 1994, marcou o fim do “apartheid”. A transição foi facilitada pelo então presidente Frederik de Klerk, com quem Mandela compartilhou o Nobel da Paz recebido em 1993.
Acusado por seus críticos de ser um terrorista comunista, Mandela acabou sendo mundialmente aplaudido por seu jeito dinâmico e humanitário de ser.
Não sem motivos, sob o consenso de 192 países membros, a Assembleia Geral da ONU transformou o 18 de julho no Dia Internacional Nelson Mandela. Uma forma de homenagear o aclamado herói sul-africano pela luta que travou contra as crueldades impostas ao seu povo. A data é hoje. Um brinde à memória do grande personagem!
Por Etelmar Loureiro