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O custo emocional de ser “perfeccionista” no trabalho

(*) Dileymárcio de Carvalho

Num processo de seleção, foi-se a época em que a reposta à pergunta: “qual seu maior defeito”? “Colava” a resposta: SER PERFECCIONISTA.  Em uma análise saudável, essa não é vantagem nenhuma, quando se pensa na “modulação emocional” necessária para um bom desempenho no que se refere à habilidades e competências. O nível de estresse do perfeccionista não é uma vantagem competitiva. Seja no momento da escolha de um candidato, ou no acompanhamento da própria performance da carreira.

Cientificamente gosto sempre de trazer aqui estudos de como a análise psicológica e da neurociência para desempenho é fundamental para o estabelecimento de relações saudáveis no trabalho e para a carreira profissional.O perfeccionista obcecado está sempre com a áreado Córtex Orbitofrontal (OFC), em até o dobro de atividade em relação a uma pessoa de mesmo desempenho, mas que não se comporta como um obcecado por perfeição. No cérebro o OFC, controla as respostas ao medo e trabalha no processamento das emoções e do planejamento.

A desvantagem então, como essa área do cérebro é “superaquecida” é que diante de uma necessidade de uma mudança e adaptação imediata, o perfeccionista vai ter mais dificuldade de controlar as emoções para a mudança necessária. (Mesmo que depois, ele venha ter bom desempenho).

As pesquisas e revisões bibliográficas mostram também que pessoas com excesso de perfeição, por mais que sejam competitivas, são também mais predispostas ao estresse e absorvem mais os pontos negativos de um ambiente organizacional já propício para o desenvolvimento da Síndrome do Burnout.

No campo das relações pessoais, alguns comportamentos são marcantes no dia a dia do perfeccionista por trabalho. A maior dificuldade na comunicação interpessoal, e a desculpa é que está sempre focado, é uma das principais. O excesso de julgamento aos colegas, ou ao próprio sistema da empresa. E em avaliações não são tidos como bons colegas, mesmo que muito competentes.

O que fazer? Primeiro é valorizar e apostar no aspecto do desempenho. Mas psicologicamente é preciso identificar quais os aspectos da estrutura emocional do profissional transformaram sua atuação profissional em um perfeccionismo de nível obsessivo.  Como obsessões e compulsões são difíceis de serem controladas, o trabalho psicológico no ambiente organizacional, como proposta de acompanhamento, muitas vezes precisa levar em conta não só as questões ambientais, mas também fatores neurobiológicos e para isso o nível de ajuda também precisa ser com outros profissionais, como psiquiatras e o desenvolvimento de terapias.

Quando se pensa na atuação de profissionais liberais, ou autônomos, essas questões são ainda mais ampliadas e uma das características típicas é o comportamento antissocial.

Vemos então a importância de se pensar, organizar e ter na vida profissional enquanto carreira e nos ambientes organizacionais, sejam em empresas públicas ou privadas uma atuação psicológica como programa de desenvolvimento para a vida laboral.


Psicólogo Clínico Comportamental (CRP-04/49821)
dileymarcio.carvalho@gmail.com

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