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O abandono de si

FOTO: Freepik

O pior abandono é aquele da gente para a gente mesmo. Sim! O autoabandono. Quando a gente se abandona ao longo do tempo, no decorrer da vida. Ser deixado por outros acontece. Não necessariamente ser deixado, mas sabemos, desde sempre, que cada um tem seus afazeres — muitos. E o tempo fica escasso. Os filhos crescem, formam famílias e têm seus novos compromissos. Os amigos, parentes e vizinhos — cada um — têm suas lutas particulares. Não é que não se importem. É que cada um tem que pôr a comida na sua mesa; cada um tem as feridas urgentes para tratar. E ninguém tem mais do que dois braços. A gente se ajuda, se socorre — e isso faz bem.

Mas cada um tem seu limite nas fases da vida. Até cartão de crédito tem limite, para não estourar!

Mas como a gente se abandona durante a vida? Não é difícil saber. A gente se abandona desde o momento em que deixa de estudar, aprender, estar com os mestres ou com as crianças. Desde que deixa de se valorizar, de passar perfume e ir para a reunião de família, da igreja, para o trabalho — seja onde for.

Nos abandonamos quando nos damos por satisfeitos com a casa suja, com o buraco no sofá e com o café velho. O abandono está em fazer selfie do remédio para insônia, em vez de fotos da lua, da flor na praça. A pessoa se deixa quando para de cantar uma música, de ir ao cinema, ou não é capaz de fazer e levar um bolo para a fisioterapia.

Quando a vida se resume a rir e chorar na companhia de uma tela de computador de mão, esperando o dia e a noite acontecerem. Se deixa quando espanta qualquer pretendente com as lamúrias sem fim, ou quando para de se olhar no espelho.

Por fim, a gente se abandona aos poucos, se esconde e se afasta por mil e um motivos. Porque dói aqui, enche ali, entorna acolá. E se esquece de que o outro tem dor nas costas e contas a pagar também. A gente se abandona — e daí, não adianta exigir sacrifício sobre-humano de ninguém, e desejar que o outro se abandone, meu bem!

 Se, da nossa parte, a gente não se ajudar também…

 Não há amor que resista ao próprio desdém.


(*) Marcos Santiago Canal no YouTube: @marcossantiagomusicaepoesia | santiagoseven@bol.com.br

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