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Novo vinho brasileiro | A diversidade do espumante nacional

FOTO: Freepik

por Marcelle Justo (*)

Por muitos anos, a grande indústria de vinhos finos – com raízes no Velho Mundo europeu – defendeu que o fator geográfico mais influente para uma região produtora é a latitude. Fora dos paralelos 30º e 50º ao norte e ao sul da linha do Equador, o clima seria demasiado quente ou frio para as videiras sobreviverem.

E é fato que o Brasil tem dentro dos paralelos tradicionais regiões bem estabelecidas tanto de vinhos tranquilos, como o Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul, nossa primeira Denominação de Origem (D.O.) quanto de espumantes. Mais recentemente, a cidade de Pinto Bandeira recebeu o reconhecimento da sua D.O. de vinhos espumantes, elaborados pelo método de champanhe, chamado champenoise, e, aqui no Brasil, de Método Tradicional. De lá saem garrafas muito premiadas em vários concursos.  

Mas a teimosia brasileira parece não ter limites!  Ao driblar regras e criar novas técnicas, hoje se produz todo tipo de vinho, inclusive, espumantes, em grande parte do território nacional.

E é do paralelo 8, onde fica o Vale do Rio São Francisco, entre a Bahia e Pernambuco, que saem espumantes que inundam as gôndolas dos supermercados de todo o país. Em novembro, a região recebeu a certificação de procedência, o registro de Indicação Geográfica (I.G.), uma espécie de selo que garante a qualidade dos produtos.  Com sabor de frutas de caroço e cítricos, são garrafas que têm a cara ensolarada do Brasil. Entre os produtores, a Rio Sol e a Terranova (Miolo) são destaque.

Em São Paulo, onde a colheita de inverno garante a produção de vinhos tranquilos  brancos e tintos, os espumantes seguem a técnica da colheita de verão. Muitos produtores mantêm parte da plantação para as uvas Chardonnay e Pinot Noir, que são colhidas no primeiro trimestre do ano. 

Outro que está fora do paralelo tradicional, o estado do Paraná surpreende. Lá, a vinícola Araucária faz o espumante Brut Poty Lazarotto, pelo Método Tradicional. A bebida tem notas de confeitaria e aromas de pão tostado, torrefação e amanteigado, mas também de frutas cítricas. Uma mescla de sabores muito interessante para o brinde. Tim-tim!

SERRA DA MANTIQUEIRA

Nas regiões de maior altitude da Serra da Mantiqueira são produzidos espumantes de terroir com colheita de verão. Em Três Corações (MG), o destaque é o Estrada Real Carvalho Branco nature, feito pelo método champenoise, na vinícola Estrada Real. O espumante Casa Geraldo Nature também é elaborado pelo mesmo método (60% de uvas Chardonnay e 40% Pinot Noir), com 30 meses em maturação com as borras. 

HARMONIZAÇÃO

Nosso espumante é tão versátil que pode ser acompanhamento para uma centena de pratos e aperitivos do repertório nacional. São vinhos secos e de alta acidez. Se eu estivesse na beira do Rio São Francisco, na divisa de Petrolina (PE) com Juazeiro (BA), pediria churrasco de bode com macaxeira frita. Neste caso, o espumante corta um pouco da gordura do prato e limpa a boca. Mas se fosse para brindar com o espumante de Santa Catarina, nada melhor do que uma porção de ostras frescas. O salgadinho que os moluscos trazem do mar deixa o espumante ainda mais frutado!


(*) Jornalista e especialista em vinhos Instagram: @marcellejusto

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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