Só de ter o pico da Ibituruna de frente para a cidade e outros ícones de sua história, Governador Valadares é uma cidade privilegiada que apresenta sinais de modernidade e é bem traçada. Para completar o cenário, passa atualmente por mais uma transformação através de suas luzes, pode-se até dizer que temos “Luzes de Valadares”. Não bastasse a forte tendência da arquitetura atual, que projeta e ilumina frente de casas e lojas com luzes de LED, e que já se espalhou pelos quatro cantos, o comércio colabora intensamente. A área central e a região do Lagoa Santa são destaques, parecem acompanhar a nova tendência, que resulta numa profusão de paineis digitais, placas iluminadas, displays de LED, grandes spots de LED, letreiros da nova tendência do neon e muito mais. Até a nova sinalização do trânsito em LED colabora com o espetáculo.
Além do título Princesa do Vale, esta urbe já foi conhecida nas décadas de 40/50, por ser fornecedora de mica para os americanos; já sediou na década de 70 uma Feira Nacional de Pedras Preciosas – FENAP; e apelidada de Valadólares em função do fluxo de seus emigrantes para os EUA. É um território iluminado no sentido mesmo de luz elétrica, que vem através de cabos de transmissão, de postes, tudo administrado por uma concessionária, e conta cobrada de cada um depois. Desde sua fundação, em função dos ciclos históricos que atravessou, GV sempre foi desenvolvimentista, por isso, já em meados da década de 60, era uma cidade pontuada por placas luminosas, uma particularidade interessante que retrata bem aquela época.
Por volta de 1966, o Centro da cidade foi tomado por letreiros comerciais a gás neon multicoloridos. Destaque para alguns deles: o da Casa Byrro, que ficava no alto do prédio de 4 andares, na Praça Serra Lima, onde funcionou também o Hotel Plaza. O letreiro apagava e acendia alternadamente, e trazia a seguinte mídia em várias cores: “Casa Byrro – Rádios Phillips e Radiofones”. Era um show. O prédio que existe até hoje está com a parte de cima desocupada. O Hotel também tinha luminoso em neon com letras estáticas, Hotel (vermelhas) e Plaza (azuis), fixado acima da marquise na parte central. Perto dali, na Minas Gerais, esquina com a Serra Lima, onde atualmente funciona um Hotel, o charmoso Cine Palácio completava a cena. Seu letreiro em neon verde, na forma da letra L (éle) invertida, podia ser lido dos dois lados.
Além desses tinha o luminoso em amarelo e branco do PAIOL 120, casa noturna que ficava na Israel Pinheiro quase esquina com a Av. Minas Gerais, onde funcionou posteriormente por muitos anos o Cine Chisté, na sequência uma igreja evangélica, e hoje uma loja que vende produtos a R$ 20. Quase em frente ao Paiol, ficava uma casa de vitaminas, o BIG VITA, que tinha sua placa de néon em vermelho (Big) e verde (Vita) na forma de um T invertido circulada em azul. A lanchonete ficava ao lado onde funcionou a boate Groove.
No térreo do edifício Antônio Mourão Guimarães, localizado na rua Israel Pinheiro, entre a Av. MG e rua Peçanha funcionou o outrora Banco de Minas, e posteriormente por vários anos o Banco Real S/A, onde hoje abriga uma loja de produtos de cama, mesa e banho. No topo do prédio com vista para a região do Mercado ficava o luminoso do Banco de Minas, em neon verde, que acendia e apagava intermitentemente, e que podia ser visto desde a ponte do Vila Isa, na BR-116.
Mas a cidade teve muitos outros luminosos como o do Cine Sir. Em meados da década de 70, na av. Minas Gerais, onde está hoje as Lojas Americanas, o cinema tinha um enorme letreiro, com o nome CINE (menor) e SIR (enorme) circulado por néons intermitentes de várias cores, que cobria a parte da frente. Na parte de cima dos Hotel Realminas e do Hotel GV Center, ambos na Serra Lima, também tinha placas de mesmo formato em néon, com variações de funções. E, por muitos anos, os hotéis Salvador e o Panorama também mantiveram seus luminosos.
Na era digital a cidade está coalhada de placas eletrônicas em LED, uma tendência que se alastra. São bonitas, vibrantes, dinâmicas e estão por todos os lados. Uma grande rede de supermercados instalou painéis digitais em frente a todas as lojas. Ainda há painéis de LED instalados no Mercado Municipal, na esquina da Minas Gerais com Israel e mais dois na Praça do Shopping. São luzes de Valadares.
(*) Crisolino Filho é escritor, advogado e bibliotecário | E-mail: crisffiadv@gmail.com | Whatsapp: (33) 98807-1877 | Escreve nesse espaço quinzenalmente
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.
Comments 1
Leitor e admirador (como fui do saudoso pai) do colunista Crisolino Filho.
Voltou no tempo e mais uma vez traz bela história de Governador Valadares. Passeio no tempo.
Não é primeira vez. Volte sempre.