por Ricardo Dias Muniz (*)
Sua estreia no palco da bandidagem foi nada mais nada menos que um duplo homicídio, em 2007, na Bahia. O jovem bandido – oh… vítima da sociedade -, logo mostrou sua desenvoltura. Na capital federal, dessa vez em baixa na carreira, sobrevivia talentosamente com “meros” estupros, roubos e armas de fogo. Fase ruim, mas que lhe rende o desejado prêmio de um diagnóstico de psicopata imprevisível.
Apoiado pelo estado, tendo uma reputação de psicopata a zelar, resolveu dar voos mais altos – não dava para ficar apenas em roubos e estupros. Em atuação apoteótica, aproximou-se de uma janela e atirou contra dois moradores de uma chácara, matando-os na hora. Pouco depois, em Ceilândia, obrigou todos os moradores de uma casa a ficar nus, obrigou uma mulher a cozinhar para ele nessas humilhantes condições, depois os torturou e roubou.
Não parou por aí. Sua atuação ganhava cada vez mais requintes de crueldade e violência; estava se aprimorando. Invadiu outra chácara, matou o proprietário a tiros. Nesse meio tempo, sua carreira quase termina, quando o velho caseiro de uma chácara resolve o trucar com uma espingarda enferrujada – nosso “herói” Lázaro se safou por pouco do malvado homem de espingarda. Mas logo continua sua epopeia: sequestrou uma família, estuprou a mulher na presença do marido e do filho, depois matou ambos. Em seguida, levou a mulher para o matagal, estuprou e a matou. Em nível profissional, agora Lázaro ganha o prêmio de monstro do ano de “Bandidolatria Brasileira”.
O fato revela o quanto ideias ruins podem ser perigosas. No caso, a ideia vem do filósofo iluminista Jean Jacques Rousseau, que disse: “o homem é bom e a sociedade o corrompe”. Essa ideia besta dele é uma das raízes do atual estado violento brasileiro. O criminoso Lázaro será adorado pelo show business obscurantista. Agora quem o soltou… Não se pode ter certeza que eles serão adorados, pelo fiasco científico que se aplica. Cá pra nós… A pergunta moral mais importante para a população é: quem solta bandidos desse tipo também tem culpa pelos crimes?
Melhor mudar o assunto. Pôr uma montanha em cima dessa questão. Não se fala mais nisso, ok?
Outro autor, também iluminista, por outro lado, foi mais preciso em suas observações, mais realista. John Locke disse: “Onde não há lei, não há liberdade”. Nessa linha, Jordan P. Peterson, em sua filosofia, também concorda com Locke, relatando a importância do limite das pessoas. As leis servem pra isso: regular a liberdade, impedir que monstruosidades aconteçam. Em suma, não é possível a sociedade ser a causa única da maldade do homem. Pelo contrário, sem ela dificilmente o ser humano teria oportunidade de prosperar com relativa paz. No livro de Peterson, 12 regras para a vida, isso ficou evidenciado com experiências. Então, Lázaro não foi corrompido pela sociedade, ele só não recebeu dela limites suficientes. Se recebesse, várias famílias inocentes estariam agora em paz.
O fenômeno criminal já tem sido debatido por pessoas sérias. Por exemplo, o termo bandidolatria vem do “best-seller” denominado “Bandidolatria e Democídio”, de Diego Pessi e Leonardo Giardin de Souza. O livro demonstra bem as consequências sociais da visão nefasta, da atual corrente criminal que vê o bandido como vítima de uma sociedade opressora. Utopia perigosa, infelizmente, amplamente difundida no sistema criminal e acadêmico brasileiro.
Por esse equívoco ideológico grave, acadêmicos e burocratas garantistas defenderão: não às vítimas e sim ao bandido Lázaro, elevando-o a nível de celebridade, dando-lhe palco, apoio, defesa e fama. Se deixar, em breve, Lázaro estará na porta da sua chácara, te obrigando a cozinhar sem roupa. E, nesse caso, a opressora social ainda será você.
(*)Consultor empresarial, engenheiro de produção, ativista político, colunista de opinião, estuda filosofia e direito.
As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal