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Geração Minecraft

(*) Ricardo Dias Muniz

De repente, o menino educado e carinhoso vira um ser emburrado e distante. A menina muda os gostos e não quer mais escutar conselhos. Histórias semelhantes são comuns na adolescência. Está cada vez mais complicado educar os filhos. O excesso de jogos, filmes e música poderia estar contribuindo para a degradação do relacionamento entre pais e filhos?

Desconsiderando os aspectos técnicos/psicológicos da questão, não resta dúvida de que a influência política tem, se não um dedo, um par de mãos no problema. Claro que essa influência política varia muito em cada família. Então, obviamente, o resultado da influência também varia muito. À primeira vista, a relação entre rebeldia juvenil e política parece uma fantasia, mas não é. Como também não é simples de resumir, é um assunto chato, complexo, infelizmente, para muitas famílias, e também urgente.

Primeiro, a formação cultural de uma pessoa tem íntima relação com as histórias que povoam seu imaginário, muitas vezes contadas pra elas ainda na infância. Anteriormente, as histórias eram passadas por uma tradição oral, algumas escritas em livros tradicionais ou até sagrados, como, por exemplo, as epopeias, que são histórias de eventos extraordinários, heroicos, que passam um conhecimento, um valor. Homero foi um poeta épico que escreveu a famosa Odisseia no século VIII a. C., poesia rica em simbolismo. Um dos mais importantes é o valor da casa, do lar – Odisseu, protagonista, sofreu muito para voltar pra casa. Outro exemplo, que nesse caso constrói o imaginário do valor da liberdade e de amor por seu próprio povo, é o relato heroico do libertador hebreu Moisés, história bíblica do Êxodo.

Note que, ao tomar contato logo na infância dessas histórias, o jovem já tem uma noção clara de princípios e valores importantes para a vida na sociedade em que está inserido, o que o prepara para a vida adulta, propiciando a harmonia entre pais e filhos. Exatamente aí que entra a política. Antônio Gramsci genialmente (para o mal) descobriu que seria mais fácil obter sucesso na mudança radical da sociedade se, aos poucos, mudasse o imaginário coletivo. Com base nisso, existe uma verdadeira guerra cultural, com produções artísticas que servem mais aos objetivos políticos que qualquer outra coisa. Nisso, é comum ver em filmes, de forma sutil, comportamentos úteis à militância marxista, como: superpoderosos com fragilidade emocional crônica, filhos que não respeitam pais, valorização de comportamentos anticulturais, desvalorização do patriotismo, glamourização da delinquência, supersexualização e muito mais.

Nessa linha, temos como exemplo o jogo Minecraft, à primeira vista inofensivo. Lá o mundo todo é criado pelo jogador. Ele pode construir, destruir, reconstruir, tudo que quiser. Sem nenhum esforço, o mundo é dele. E esse jogo é comum entre crianças de quatro anos. É sutil, mas, como visto, é no imaginário que se forma boa parte da personalidade do indivíduo. Uma criança em pleno desenvolvimento teria poderes ilimitados, inclusive sobre a matéria, algo que, no mundo real, somente Deus teria. O perigo mora exatamente aí, pois, quando cresce, o jovem já está treinado para ser um agente revolucionário no mundo. Se não houver suporte adequado, ele não reconhecerá a própria cultura em que vive, não aceitará as regras morais, se sentirá um divergente na própria família e sociedade. Ou seja, alvo fácil para criminosos, tribos identitárias, aliciamento da militância política ou, pelo menos, será alvo fácil para o populismo político.

Com um problemão desses ainda na adolescência, imagina quando essa geração “Minecraft” assumir o controle do destino da nação.


Especialista em Gestão Estratégica, Engenheiro de Produção, estuda Direito e Ciências Políticas.
Contato: munizricardodias@gmail.com.
Redes sociais: https://linklist.bio/ric

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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