Valadarense que ficou presa nos Estados Unidos conta dificuldades que ela e a filha passaram para chegar e viver no país norte-americano
“Além do preconceito, o imigrante ilegal sofre em todos os aspectos e para não ter problema tem que procurar ser invisível”, afirma uma valadarense de 46 anos que morou dois anos nos Estados Unidos. Ela foi em busca de uma qualidade de vida melhor, e justamente por este motivo decidiu retornar ao Brasil. A entrevistada prefere deixar o nome em sigilo.
Além da dificuldade para conseguir entrar nos Estados Unidos, ela relata que não é tão simples trabalhar fora. “Para quem é imigrante ilegal, é tudo mais difícil. Sinto que tenho mais segurança em relação ao trabalho no Brasil, devido ao excesso de pessoas que chegaram nos Estados Unidos nos últimos anos. Além da crise financeira que os EUA estão passando, está tudo muito caro, desde a alimentação ao aluguel, então acredito que muitos vão retornar ao país de origem”, explicou.
Ela chegou aos Estados Unidos pela fronteira do México, em 2020. “Fui pelo México e a maior dificuldade foi pular o muro. É muito alto. [Subimos] por cordas. Um passo errado poderia causar uma queda fatal”, afirmou.
No grupo que estava com ela ao atravessar a fronteira tinha mais de 30 pessoas, fora as crianças. “Quando pisei no solo americano fui pega pela polícia de imigração. Fiquei presa por 60 dias, 11 deles sem banho e sem comida. Serviam apenas burritos. Depois me levaram para um centro de detenção para imigrantes. Lá recebia alimento, e depois de alguns dias podia comprar alimento, mas tudo era deles, não tinha acesso a nada externo”, conta.
A valadarense morou nos estados da Pensilvânia e Nova Jersey. Depois de cinco meses que estava nos Estados Unidos a filha também foi. “A situação dela foi muito complicada no México. Ela foi abandonada pelo coiote e presa pela polícia mexicana. Eu tive que enviar propina para a polícia do México para liberar ela. Chegando em Tijuana, tive que pagar mais dinheiro para a travessia dela”, detalhou.
Uma das maiores dificuldades fora do Brasil foi a distância dos familiares. “Ficar longe da família é muito difícil. Com o tempo, com a vida corrida que tinha, a gente vai se distanciando das pessoas, dos familiares. A gente passa a se comunicar menos, ou quando dá”.
No início deste ano, nossa entrevistada regressou à sua cidade de origem. Agora ela se diz mais feliz, por poder viver com qualidade de vida.