Manhã de sábado – 21 de junho – nos dirigimos a determinada casa de repouso nas proximidades do distrito de Baguarí, graças à iniciativa do visionário, humano e participativo Valdemar PENA, contando ainda com a presença de Paulo Hilel Catuaba. Alguns outros convidados, declinaram do convite.
O propósito foi visitar Maurício Antônio de Freitas – o RISCA, boleiro das antigas e que lá está abrigado faz tempo, em virtude da debilidade de sua saúde e os cuidados impostos por profissionais da área de saúde. Visita tranquila que proporcionou momentos reflexivos que nos levaram a constatações duras, preocupantes, porém inevitáveis.
Para quem é da “Velha geração”, dos tempos da Casa de Variedades, do Coreto e das “charretes”, ainda vivo em nossa memória nomes e sobrenomes de famílias tradicionais da outrora Princesa do Vale.
Na mesmíssima Casa de Repouso encontramos tambémabrigados o Doutor Francisco Socorro Aquino, o Verdi de Carvalho Filho e o senhor Névio Ferreira, todos integrantes de famílias bem estruturadas na cidade de Governador Valadares. De assustar, de refletir e tentar compreender.
O quadro e situação de MAURÍCIO é bem conhecida da ‘boleirada’, sendo certo que lá está através de cobertura financeira própria e de alguns familiares. Do professor Francisco Aquino, grande amigo de tempos idos e que tanto ajudou o Democrata Pantera por ocasião do campeonato mineiro das categorias de juvenil e Infanto em 1975, a manutenção também é familiar. Quanto aos demais, apenas a surpresa de encontra-los por lá.
Idosos – atenção Bolivar, segundo o Estatuto do Idoso é a pessoa que tenha atingido 60 anos de idade e a quem são assegurados prerrogativas e direitos, nem sempre respeitados ou colocados à disposição dos necessitados. A violência estatal é crassa e se faz presente.
As instituições que abrigam pessoas idosas, os antigos ASILOS, receberam denominação charmosa de nossos legisladores e agora são ILPI’s – Instituições de Longa Permanência de Idosos, governamentais ou não governamentais, de caráter residencial, destinadas a domicílios coletivos de pessoas com idades igual ou superior a 60 anos, com ou sem suporte familiar, em condição de liberdade e dignidade cidadania.
A cidade e Comarca de Governador Valadares não dispõe sequer de uma unidade de ILPI governamental e as não governamentais – Lar dos Velhinhos, Associação Santa Luzia, Fundação Dona Zulmira e Instituto Nosso Lar se sujeitaram a Termos de Ajustamentos de Condutas perante a Curadora dos Idosos, perdendo autonomia para recepcionarem pessoas para o abrigamentos.
No mundo dos (des)humanos envelhecer com dignidade não é e não tem sido tarefa fácil. Poucos, muito poucos podem se dar ao luxo de custearem abrigamentos em ILPI’s particulares ou mesmo quadro de profissionais em acompanhamento domiciliar.
Famílias desestruturadas, finanças insuficientes, burocracia exacerbada para ocupação de vagas em instituições assistenciais e filantrópicas e a omissão/violência estatal, provocam situações revoltantes para quem apregoa e acredita em uma Constituição Cidadã, em um Estado Democrático de Direito e na máxima de que todos somos iguais. Desgraçadamente não somos.
Em especial para a boleirada da velha guarda, oportuna é a ocasião para uma reflexão profunda sobre nosso comprometimento, se efetivamente o temos, em relação a muitos dos nossos que se encontram em estado de vulnerabilidade social.
Uma sociedade civil razoavelmente organizada – muito em moda o chamado terceiro setor, pode sim identificar situações, cobrando e encaminhando-as com postura firme e independente, desde que o faça com critérios e embasamentos legais.
O Projeto Pingo D’Água – Associação de Proteção e Defesa da Dignidade da Pessoa em Vulnerabilidade Social -, vem buscando estruturar-se minimamente para, através de pequenas ações solidárias, equacionar situações e demandas de alguns dos atores que escreveram a história esportiva de Governador Valadares e região. Tarefa gratificante.
(*) Ex-atleta
N.B. 1 –Com Gilberto ZIQUITA e FRANZ Amaral estivemos dentro das quatro linhas. Quanto a GILMAR Estevão, aplaudimos das arquibancadas. Se pudéssemos retroceder no tempo, qualquer deles resolveria o problema do Tricolor das Laranjeiras.
N.B. 2 – Bola fora Pedrinho BH. ÍDOLO é aquele cuja história é rica e complexa, muitas vezes venerado e até mesmo adorado. Raul PLASSMANN, aquele da ‘camisa amarela’, faz parte da gloriosa história vitoriosa do Cabuloso. Tem dúvida? Pergunte ao torcedor.
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