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Depressão: quando a vida perde a cor por dentro

FOTO: Freepik

“Eu não sei explicar… só não sinto mais vontade. As coisas que eu gostava simplesmente pararam de fazer sentido.”

Essa frase, que parece simples, carrega o peso de algo que muitas pessoas vivem, mas poucas conseguem nomear: a depressão.

Costumamos pensar que depressão é só tris esses sentimentos fazem parte. Mas há um sintoma que se esconde nas entrelinhas e muitas vezes passa despercebido: a anedonia, o nome técnico para a incapacidade de sentir prazer. Ela é como uma neblina que vai apagando o brilho das coisas. Aquilo que antes encantava, emocionava ou fazia rir… de repente, não causa mais nada. O mundo segue colorido para os outros, mas, para quem está dentro da depressão, tudo parece desbotado.

É como se a alma vivesse dentro de uma casa onde as luzes ainda funcionam, mas ninguém acende o interruptor. Os móveis estão no lugar, há fotos nas paredes, o cheiro do café ainda vem da cozinha, mas tudo parece distante, frio, sem sentido. A rotina segue, mas o sentir se apaga.

A depressão é um estado profundo de desconexão com o sentido da vida. Não é só sobre estar triste: é sobre não ver propósito. Nada faz sentido. As tarefas perdem significado. As relações parecem vazias. Até mesmo o futuro, antes cheio de planos, vira um espaço em branco.

Importante lembrar que a depressão é multifatorial. Ela não tem uma causa única. Pode surgir de um acúmulo de estresse, de perdas, traumas, alterações químicas no cérebro, predisposição genética, questões hormonais ou até de um cansaço emocional que foi ignorado por muito tempo. Por isso, é fundamental que ela seja compreendida com seriedade e escutada com empatia — e não tratada como “frescura” ou “falta de vontade”.

Muitas pessoas vivem esse processo achando que é só uma fase ruim, ou acreditam que basta “ter mais força” para sair disso. Outras são mal compreendidas, ouvem que “estão de frescura” ou que “têm tudo para estar bem”. Mas a depressão, especialmente quando marcada pela anedonia, não grita. Ela se cala. E é por isso que precisa ser reconhecida.

A boa notícia é que existe saída. Existe ajuda. Psicoterapia, acolhimento, medicação quando indicada, exercícios físicos, apoio de amigos e familiares — tudo isso pode acender, pouco a pouco, as luzes internas. E, aos poucos, o gosto pelas coisas volta, o prazer retorna em pequenas doses, e o mundo recupera suas cores.

Aos poucos, com acolhimento e tratamento, a luz volta. E, com ela, o prazer de sentir, de verdade, que você está vivo.


(*) Psicóloga CRP 04/62350, pós-graduanda em Neuropsicologia pela UNIFESP

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