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Conversas de elevador

por Coronel Celton Godinho (*)

A expressão “discurso de elevador remete a um resumo rápido de si mesmo, um produto que você quer vender, ou sobre a organização a qual pertence seus valores e benefícios.

Nosso colóquio não é sobre “discurso de elevador”, mas sobre “conversas de elevador”.

Nas médias e grandes cidades, com os seus edifícios “arranha-céus”, existem inúmeros elevadores a transportarem pessoas de vários tipos, num sobe e desce frenético e que parece ser incessante.

Sobe do elevador, desce do elevador! Um exercício, muitas vezes aos nossos olhos, sincronizado com o movimento diário de uma grande cidade. Aliás parece um balé aquela fila do elevador que se movimenta em direção a eles, quando se abrem e quando se fecham.

Bacana mesmo é quando estão todos dentro do elevador, num cubículo fechado e pronto para subir ou descer os andares de um edifício. Respirações próximas, algumas ofegantes por medo mesmo da “engenhoca”.

Alguns dão bom dia, boa tarde ou boa noite, demonstrando a boa educação, e outros nem isso. Entram no meio do “povo” do elevador, e, muitos até, soltam seus “flatos”, deixando o cubículo insuportável por alguns segundos, dando a impressão de que o mundo acabou em M… 

Conversas em prédios residenciais

Mas o interessante são as conversas que surgem no interior dos elevadores. Se ocorrem em prédios residenciais são verdadeiros momentos de catarse, em que amor e ódio se misturam nas reclamações contra o síndico que ganha, mas não faz nada; do casal que faz barulho demais nos seus gemidos no momento de êxtase sexual; no vizinho, que faz barulho demais em suas “festinhas” com amigos e amigas. Ah! E as fofocas? As conversas são genuínas trocas de informação sobre a vida alheia! As “conversas de Matildes” normalmente surgem dos moradores que não trabalham e têm tempo de sobra para circularem pelo prédio. Então os outros mortais trabalhadores ficam sabendo de todas as notícias do cotidiano ao entrarem no elevador no início e término do dia.

Elevadores comerciais são os mais divertidos pelo matiz diversificado de pessoas que sobem e descem por eles.

A esse respeito, quando trabalhei como contínuo, office-boy, em uma empresa na minha cidade natal, ainda adolescente, andava muito pelas ruas, indo a bancos e outros locais cumprindo várias tarefas.

Durante o meu trabalho, tinha que ir a salas em alguns prédios e utilizava elevadores. Sempre gostei de fazer amizades e fiz muitas em conversas enquanto subia e descia. A gente ficava sabendo da programação dos cinemas, dos bailes e outros divertimentos por meio de diálogos no interior do elevador, conversando mesmo sobre muitos assuntos diversos. Era o nosso Google da época. Nosso whatsapp ‘face to face’. E olha que era bem melhor! Teve um amigo que arrumou namorada numa conversa dessas e até se casou depois.

Surda e muda

Mas num desses prédios tinha uma senhora de uns 50 anos que não cumprimentava ninguém. Parecia de mal com a vida. Então durante seis meses fiquei dando bom dia, boa tarde, e ela nem sorria. Num dia, comentei com um colega que trabalhava no prédio sobre a falta de educação daquela senhora ascensorista. No entanto ele só deu uma gargalhada. Fiquei sem entender por um instante. “Rapaz”! Respondeu meu colega: “Ela nunca poderá lhe responder, pois é surda e muda”!

Então pensei comigo: meu Deus! Olha o que pensei daquela senhora! Acho que se ela soubesse me responder com a linguagem de sinais (Libras), iria achar que além de mal educada, era louca! Naqueles tempos, eu e muita gente boa não sabíamos que existia esta variedade de linguagem para surdos e mudos.

Portanto aproveitem as conversas de elevador! É um momento de aprendizado.

Aliás, todos os momentos da vida são momentos de aprendizado!

AFINAL A VIDA É COMO UM ELEVADOR.

(*) Advogado militante – Coronel da Reserva da Polícia Militar.
Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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