Nascida em Sabinópolis, mais especificamente no Quilombo do Torra, a artista plástica Ana Paula Sirino levou para a capital mineira não só a vida profissional, mas também a vida pessoal. Desde o ano de 2019, Belo Horizonte se tornou a sua nova casa. A artista chegou à capital mineira para trabalhar como tatuadora e aprofundar os conhecimentos acerca da pintura.
Agora, quase três anos depois, a artista plástica apresenta o resultado do trabalho e estudo sobre arte com a exposição “Nos Olhos do Começo”. São 13 obras criadas com óleo sobre tela, na qual Ana Paula propõe aos visitantes da exposição a sua percepção, começando pela sua infância, fazendo uma viagem no tempo da vivência e da consciência de sua não linearidade.
“O conceito da exposição é poder despertar saudades e curiosidades através das minhas próprias memórias, extraídas de histórias, recordações reelaboradas e expressadas através da pintura. Reencontro e restauro sensações antigas em paisagens e situações recém-descobertas dentro de mim. As figuras de crianças acabam ganhando destaque, pois sempre valorizei a infância. Desta maneira, é sobre olhar na direção do início, mas também sobre olhar nos olhos daqueles que já estavam aqui antes de mim, ou seja, os mais velhos. Além disso, reconhecer saberes guardados no olhar, descobrir riquezas e, consequentemente, desenvolver noções de perda em um país que apaga mundos vivos”, diz.
Segundo a artista plástica, sua paixão por pinturas começou na infância. “Aos nove anos de idade, meu pai me presenteou com uma câmera fotográfica, porque eu desejava muito registrar a nossa vida e tentar criar filmes. Durante a pandemia, tive acesso ao acervo de conteúdos produzidos nessa época, por mim e por outras crianças do bairro, como primos e amigos, pois a nossa câmera rodou na mão de todo mundo. Essas fotos se tornaram muito preciosas e comecei a fazer as primeiras telas a partir delas. Além disso, sempre gostei de desenho e pintura e me destacava nisso. Se por um lado meus pais não tinham condições de investir em cursos e materiais, por outro, sempre fizeram questão de estimular a minha criatividade. Por volta dos 7 anos de idade, lembro que a minha mãe fazia um concurso de desenhos na nossa casa e recordo de me sentir confiante ao ganhar de crianças mais velhas. Aos 8 anos, uma amiga propôs que eu desenhasse de forma livre no caderno dela durante as aulas e em troca ela copiou as atividades para mim. Adorei sentir valor no que eu fazia! Mas foi com a tatuagem que me aproximei da arte, podendo experimentar diferentes materiais. Assim, fui me interessando por livros e logo a pintura surgiu. Senti nela um alívio, um espaço de expressão e criatividade que desejava”, relata.
O trabalho da artista pode ser visto até o dia 1 de outubro, com entrada gratuita, mediante agendamento prévio. A exposição “Nos Olhos do Começo” pode ser visitada na Rodrigo Ratton Galeria de Arte (Shopping 5ª Avenida – Rua Alagoas, 1314 – Loja 27 C – Savassi, Belo Horizonte).
