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Brasil em chamas: até quando?

Walber Gonçalves de Souza (*)

Como se fosse um dejavu todo ano a cena se repete: as queimadas consomem milhares de hectares dos diversos biomas brasileiros. Focos de incêndio aparecem aqui e acolá. Alguns com as devidas autorizações, haja visto que o nosso código florestal permite a queimada, desde que os órgãos públicos recebam seus devidos impostos, através das taxas a serem pagas. Todavia, podemos afirmar que a grande maioria delas acontece por vacilo, algum descuido. Acredito que acontecem por total falta de responsabilidade, por maldade mesmo, pela constante inércia da sensibilidade com a própria vida silvestre, em todos os seus aspectos.

Como pode até hoje o ser humano não ter percebido, se sensibilizado que ele faz parte do meio ambiente e depende totalmente dele. Situação que não acontece da forma oposta. A dinâmica planetária seria outra sem a presença humana. O ciclo da vida existente no planeta seguiria seu fluxo natural, com os seus ganhos e perdas.

Um exemplo simples que constata tal afirmação pode ser observado da seguinte forma: digamos que uma área devastada, totalmente aniquilada ambientalmente, passa a ser uma área protegida, e isto quer dizer livre de qualquer contato humano. É só esperar uns anos que lentamente ela começará seu processo de regeneração, aos poucos vai surgindo um arbusto aqui outro ali e, depois de um período, a natureza se fará presente de forma esplendorosa, abundante e vistosa. Haverá o retorno dos animais, da qualidade do solo, da diversidade das flores e árvores.

Isso também acontece com as áreas de queimadas. Mas, infelizmente, como elas se repetem todos os anos, sempre que as plantas começam a brotar, uma nova queimada acaba com tudo, prejudicando, assim, além de todo o ecossistema do lugar, a regeneração da própria vida que insiste em querer se fazer presente.

O ser humano parece que ainda não aprendeu que, mais do que cuidar do planeta, cuidar do planeta significa a manutenção da própria vida humana. Não teremos vida sem o planeta ecologicamente e minimamente equilibrado.

As queimadas não queimam só as plantas, que já seria o suficiente para não fazê-lo. Com as queimadas matam-se diversos animais, prejudica-se a qualidade fértil dos solos, pois extermina os microrganismos que nela habitam, colabora com o desequilíbrio das chuvas, da temperatura, da qualidade do ar que respiramos, enfim, veja só como uma “simples queimada” interfere em tantas situações.

A Terra é a nossa casa; nossa dependência em relação a ela é uma dependência vital. Dela tiramos praticamente tudo que precisamos para a nossa existência, desde as coisas para suprirem os apelos da natureza, fome e sede, por exemplo, como para a vida de conforto que tanto queremos e gostamos.

Com as queimadas que não param queima-se junto um pouco da qualidade de vida que todos nós poderíamos usufruir de uma forma muito mais sensata, equilibrada e humana. Queima-se junto a própria manutenção da nossa existência. Acordemos enquanto ainda é possível reverter e evitar dias piores.


(*) Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.  

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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