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As ideias gerais de um treinador que veio das Minas

FOTO: Freepik

No ano de 1863 foi criado o futebol, um dos maiores esportes de que se tem notícia. Desde então, milhares de jogadores e treinadores têm marcado a história em gramados pelo mundo. Entre eles, há um time de revolucionários que trouxeram ideias para a evolução do jogo, contribuindo para o aprimoramento contínuo desta ferramenta sociocultural.

Ao discutirmos a revolução no esporte da bola redonda, logo nos vem à mente diversos nomes, como o holandês Johan Cruijff, o espanhol Pep Guardiola e o brasileiro Telê Santana. Porém hoje vamos destacar alguém que contribuiu para elevar o nível do futebol e não costuma ser muito mencionado na imprensa: o técnico mineiro Martim Francisco.

Nascido em 1928, na cidade de Barbacena, Minas Gerais, Martim Francisco desenvolveu sua paixão pelo futebol no Rio de Janeiro. Ele foi goleiro nas categorias de base do Fluminense, mas sua carreira como jogador foi curta, pois seu destino estava traçado fora das quatro linhas. Ao assumir o Villa Nova de Minas Gerais, aos 21 anos de idade, tornou-se o técnico mais jovem do Brasil na época. Com seu retorno à terra natal, Martim começou a escrever seu nome no livro do futebol.

Há diversas discussões sobre quem inventou o sistema 4-2-4, mas os créditos vão para Martim, técnico que o aplicou pela primeira vez de maneira consciente. Na época, o esquema mais utilizado no mundo era conhecido como WM, que consistia em três defensores, dois meio-campistas e cinco atacantes, formando uma configuração em campo que lembrava as letras “W” e “M”. Após a decepcionante derrota para o Uruguai, na final da Copa do Mundo de 1950, no Maracanã, o Brasil buscava respostas, já que havia perdido a fé no esquema WM.

Assim, em 1951, Martim, no comando do Villa Nova, decidiu recuar o médio esquerdo Lito para atuar como defensor. A tática visava neutralizar os adversários que utilizavam mais atacantes, reforçando, assim, a defesa. Observando também a superioridade numérica de seus oponentes no meio-campo, ele optou por recuar seu ponta-direita Osório para se juntar aos outros médios. Dessa forma, quando estavam com a posse de bola, atacavam em um esquema 3-3-4 e, ao se defender, faziam uma transição para um 4-3-3. Esse sistema logo ganhou adeptos por todo o país e começou a ser adotado e modificado por diversos técnicos, a partir da ideia inicial de Francisco.

Zezé Moreira, treinador do Fluminense na época, decidiu adotar o sistema de Martim para implementar a marcação por zona, permitindo mais fluidez para o time, indo contra a criticada marcação homem a homem da Copa de 1950. Outra modificação causada pelo sistema de Martim foi a reintegração da posição de “ponta de lança”, com o leve recuo de um dos atacantes para conectar o meio ao ataque. Embora o jogador húngaro Puskás tenha desempenhado essa função por anos, a popularização só viria com outro mineiro, este de Três Corações: Pelé.

A revolução de Martim Francisco tomou proporções nacionais e mundiais, inspirando times ao redor do mundo. O esquema foi utilizado pelo treinador Lula, que comandou o Santos de Pelé, bicampeão da Libertadores em 1962 e 1963, e também aproveitado pelo paraguaio Fleitas Solich, ao escrever uma grande parte da história daquele Flamengo tricampeão carioca entre 1953 e 1955.

O auge dessa revolução foi inspirar Vicente Feola a colocar o esquema na bagagem que a seleção brasileira levou para a Suécia em 1958, carimbando o primeiro título mundial para nosso país. A influência de Martim no futebol brasileiro e internacional é extraordinária e não pode deixar de ser transmitida para as próximas gerações. Do banco de reservas, esse mineiro deu outros números ao esporte mais amado do mundo.


Vitor Almeida Braga – Estudante de Jornalismo na Universidade Vale do Rio Doce | Instagram: @vitim_braga

Comments 1

  1. Sancho Netto Da Cruz says:

    Reportagem muito interessante, mas poderia ter mencionado que o Martim Francisco foi técnico do Esporte Clube Democrata

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