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As cigarrinhas das pastagens

FOTO: Carlos Mauricio Soares de Andrade, Maykel Franklin Lima Sales/Embrapa

As cigarrinhas que atacam as pastagens tropicais têm se tornado uma preocupação cada vez maior entre os pecuaristas. Esses insetos podem ser divididos em dois grandes grupos: as cigarrinhas-das-pastagens, representadas, principalmente pela Deois flavopicta e pela Zulia entreriana; e as cigarrinhas-das-raízes, representadas pela Mahanarva spp.

Atualmente todas elas atacam a pastagem e a cultura da cana-de-açúcar. A ocorrência dessas cigarrinhas se dá no início da época chuvosa, quando as condições são ideais para a sua eclosão. O ciclo de vida das cigarrinhas pode variar de acordo com cada espécie, porém, dura em média 53 dias, onde as fases são: 15 dias no ovo, 35 dias na fase de ninfa e 3 dias para acasalamento e ovoposição, sendo que a longevidade dos adultos pode chegar a 10 dias.

Os insetos adultos causam os maiores danos para a planta por injetarem toxinas nas folhas ao se alimentarem de sua seiva. Essa toxina pode afetar a planta de dois modos: coagulando entre os tecidos e atrapalhando o transporte de seiva, ou se espalhando pela folha, causando a morte dos tecidos. Em ambos os casos, a folha começa a necrosar a partir das pontas, se espalhando por toda a área e, posteriormente, ocorre o enrolamento das folhas.

O controle utilizando forrageiras resistentes é indicado como medida preventiva ao ataque das cigarrinhas. Dentro desse grupo de plantas, estão as tolerantes, que sofrem menor dano após um ataque de cigarrinhas como, por exemplo, a Brachiaria humidícola. Porém esta pode ser prejudicada se houver algum outro fator, contribuindo para o baixo desenvolvimento da planta.

Outro grupo é o das plantas resistentes, que possuem mecanismo de antibiose, ainda com modo de ação desconhecido. Esse mecanismo faz com que o inseto não sobreviva ou tenha seu desenvolvimento afetado ao se alimentar da planta. O maior exemplo desse grupo é a Brachiaria brizantha. Na região Centro-Norte do Brasil, a B. brizantha tem sido muito plantada justamente devido ao ataque de cigarrinhas nas forrageiras existentes, e já existem relatos de espécies da B. brizantha cv. Marandu, que são resistentes à Mahanarva ssp.

Alguns trabalhos já relacionaram lotação da pastagem (UA/ha) ao nível de infestação de ninfas. Além das medidas preventivas de controle, também pode ser feito o uso de produtos químicos na área infestada, sendo necessária a retirada dos animais por um tempo predeterminado pelo fabricante do produto utilizado.

Dentre os inseticidas registrados para uso em pastagem, o Thiamethoxam é o mais indicado, apresentando eficiência de controle de aproximadamente 94% de ninfas e 98% de controle dos insetos adultos. O grande problema no uso de inseticida está relacionado à sua baixa translocação no interior da planta, sendo então necessária sua aplicação na parte basal, o que fica comprometido pelo “efeito guarda-chuva” causado pela pastagem.

O uso do controle biológico por meio do fungo Metarhizium anisopliae é o recurso mais utilizado por produtores que se encontram em situação de ataque de cigarrinhas. Porém o que se vê é um controle muito discutido, pois apresenta resultados controversos. O nível de dano econômico causado pela cigarrinha está em torno de 10 ninfas/m², e o nível de controle, ponto em que o produtor deverá aplicar o fungo na área, é de 2,5 a 05 ninfas/m².


(*) Engenheiro-agrônomo; fiscal estadual agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); professor universitário; especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas e em geografia, meio ambiente e sustentabilidade

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