GOVERNADOR VALADARES – Durante todo o meu caminho nesta terra, sempre observo os comportamentos e atitudes das pessoas ao meu redor, até mesmo daquelas com as quais não convivo. Procuro avaliar suas reações diante de algumas situações. E olha que não sou psicólogo, nem tão entendido assim dessa ciência tão importante!
O ser humano, na minha opinião, é muito complexo. Ele pensa! Mas não é só isso. É um ser de sentimento — e bota sentimento nisso! Tanto homens quanto mulheres, desde tenra idade, são um turbilhão de choros e risos, num emaranhado labirinto de sentidos. Somos seres emocionais.
Quando ainda crianças, choramos muitas vezes sem motivo para chamar a atenção dos nossos pais. Até adoecemos de “araque”! E o mais interessante é que eles sabem, rsrsrs. Nossos sentimentos pululam, explodem.
Esse ser de sentimentos vive de impressões, e as primeiras tendem a ficar mais fixadas em sua mente. Essa fixação vem de um dos nossos sentidos: a visão. Humanos — e mesmo os animais — criam “fachadas” para se adaptarem aos ambientes. Talvez seja até por instinto de sobrevivência, penso eu.
Damos muita importância à aparência das pessoas, sem percebermos, na maioria das vezes, a sua essência interior, sua história de vida. A primeira impressão que temos sobre alguém é baseada em aspectos visuais. Acredito que seja assim por parecer mais fácil. Alguns gostam de se iludir!
Na maioria das situações, as aparências enganam mesmo. Um indivíduo muito bem vestido e elegante pode, à primeira vista, nos dar a ideia de ser muito bem-sucedido, possuidor de riquezas materiais.
E por que isso acontece? Por que as aparências enganam?
Com grande frequência, nossas primeiras impressões sobre alguém ou algo são focadas naquilo que vemos: o exterior, a parcela manipulável. As pessoas “vendem” uma imagem do que realmente não são, para se protegerem, se encaixarem em algum grupo, conseguirem alguma vantagem ou por outros motivos. Fatores internos não são visíveis, somados ao fato de que nós, humanos, por uma questão cerebral, temos o hábito de julgar as pessoas de maneira muito rápida, levando-nos a conclusões equivocadas. Mesmo as pessoas “transparentes” em seus sentimentos podem enganar com suas aparências — se bem que há algumas que preferem ser enganadas, mas esse assunto ficará para outro colóquio.
Na cidade onde nasci, havia um senhor de meia idade que ficava andando à noite, até altas horas, próximo a uma serraria de madeira. Sempre que eu saía de carro com meus pais, via-o no mesmo local, vestindo um longo casaco de lã e calçando botas. Deveria ter uns 60 anos, aproximadamente. Certa vez, perguntei ao meu pai se ele era o vigia daquela serraria. Ele olhou para mim, deu um sorriso e disse que conhecia aquela pessoa há muitos anos, e que era um dos homens mais ricos da cidade. A serraria, que era enorme, era de sua propriedade. Meu sábio pai completou: “Viu, meu filho? A gente tem o mau hábito de julgar as pessoas pela aparência, sem procurar saber quem são realmente.”
Devemos tomar cuidado com julgamentos precipitados e procurar desvendar a realidade por trás das aparências. Não é ser ingênuo nem excessivamente desconfiado, mas buscar compreender as pessoas, conhecendo sua história de vida e seus sentimentos. Valorize mais a essência!
Cuidado! Pessoas que valorizam demais as aparências são facilmente manipuláveis!
“O Senhor, contudo, disse a Samuel: ‘Não considere sua aparência nem sua altura, pois eu o rejeitei. O Senhor não vê como o homem: o homem vê a aparência, mas o Senhor vê o coração.’”
1 Samuel 16:7
“A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e joias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece: beleza demonstrada num espírito dócil e tranquilo, o que é de grande valor para Deus.”
1 Pedro 3:3-4
(*) Advogado militante | Coronel da Reserva da Polícia Militar. Curso de gestão estratégia de segurança pública pela Academia de Polícia Militar e Fundação João Pinheiro
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