No tratado intemporal de Suetônio, “A Vida dos Doze Césares”, encontramos uma lição atemporal: após a morte de Júlio César, Marco Antônio, distraído por um romance com Cleópatra e as riquezas do Egito, falhou em assegurar seu domínio em Roma. Enquanto isso, Otaviano, futuro Augusto, com uma estratégia meticulosa, solidificou suas forças e conquistou apoio político.
Esta narrativa histórica ressoa até hoje, ilustrando que a hesitação e as distrações têm um preço alto, frequentemente resultando na perda de oportunidades significativas, como Marco Antônio que perdeu o Império Romano e sua posição de poder na fatídica Batalha de Áccio. Em Governador Valadares, ecoamos esta história, enfrentando nosso próprio ponto de inflexão.
Novo prédio do Judiciário
Recentemente, a construção do novo prédio do Judiciário estadual gerou discussões entusiasmadas entre profissionais do Direito da nossa cidade. Esta edificação promete não apenas modernizar, mas também agilizar o processo judicial, um direito inalienável de cada cidadão. A celeridade, eficiência e efetividade da justiça estão prestes a ganhar um novo patamar.
No entanto há uma questão premente: o destino do prédio judiciário existente na Rua Marechal Floriano, frente à sede da 43ª Subseção da OAB/MG. Sua funcionalidade para o Judiciário mineiro em nossa cidade cessará – uma virada que nos coloca frente a uma decisão crítica. Por que nenhuma das instituições da cidade não correram atrás, até hoje, da ocupação desse prédio em favor da cidade?
Câmara Municipal poderia ocupar o antigo prédio judiciário
A especulação sugere a possibilidade de vontade política e até mesmo articulação nesse sentido, mas, curiosamente, nenhuma comunicação foi feita ao público. Isso levanta uma questão desconcertante: será que iniciativas efetivas estão sendo negligenciadas?
O imóvel atual do fórum é mais do que adequado para abrigar a Câmara Municipal, com seu salão do júri servindo perfeitamente como plenário e inúmeras salas disponíveis para acomodar as funções legislativas, incluindo as comissões parlamentares. Isso não apenas traria as deliberações legislativas para mais perto da população, mas também melhoraria a acessibilidade e transparência de tais processos.
Outras entidades federais e estaduais certamente têm interesse no prédio, o que aumenta a urgência de agir. Se não formos diligentes e não nos mobilizarmos apropriadamente, Governador Valadares poderá perder uma oportunidade inestimável de melhoria infraestrutural. Está aí: você que quer ser vereador, essa é uma importante bandeira!
A história de Marco Antônio serve de aviso: a distração e a hesitação têm consequências duradouras. Espera-se que a Câmara Municipal de Governador Valadares esteja atenta e pronta para agarrar esta oportunidade, em vez de permitir que ela escorregue pelos dedos, como as areias do Egito nas mãos de Marco Antônio. É um momento para liderança visionária, ação decisiva e engajamento cívico, para o benefício de todos os valadarenses.
(*) Doutorando e Mestre em Direito pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV), com área de concentração em Direitos e Garantias Fundamentais. Professor. Advogado. https://orcid.org/0000-0003-0202-0710. contato: cezargodinho3@gmail.com
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