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Alerta fitossanitário para a Vassoura-de-Bruxa da Mandioca

FOTO: Freepik

Caro leitor, a partir de análises biológicas e moleculares, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) confirmou ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) o primeiro relato da presença, no Brasil, do fungo Ceratobasidium theobromae, também conhecido como Rhizoctonia theobromae, causador da doença “vassoura-de-bruxa” da mandioca. O patógeno foi confirmado por laudo do Mapa, por meio de análise de identificação da espécie realizada por equipe deste ministério.

A doença foi constatada nos plantios de mandioca das terras indígenas de Oiapoque, município do estado do Amapá, localizado na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. A presença de Ceratobasidium theobromae representa risco de significativa redução na produtividade das plantas de mandioca afetadas. Até o momento, este fungo não foi detectado em outros hospedeiros no Brasil.

A “vassoura-de-bruxa” tem esse nome porque deixa os ramos das plantas secos e deformados, incluindo nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules, parecidos com uma vassoura velha. Com a evolução da doença, é comum a ocorrência de clorose, murcha e seca das folhas, morte apical e morte descendente das plantas.

A dispersão de Ceratobasidium theobromae pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de corte, além de possível movimentação de solo e água. A movimentação de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar a dispersão do patógeno, aumentando o risco de infecção em novas áreas.

A Embrapa destaca que a detecção de Ceratobasidium theobromae no Brasil requer cooperação imediata entre agentes de assistência técnica, órgãos de defesa vegetal estaduais, pesquisadores, agricultores e autoridades governamentais, como prática fundamental para implementar medidas efetivas de contenção, manejo e controle, a fim de garantir a segurança e a sustentabilidade da produção agrícola.

A descoberta da Embrapa pode contribuir para o avanço científico das pesquisas relacionadas ao melhoramento genético da mandioca e à recomendação de medidas para o controle da doença.

Em março de 2023, uma equipe da Embrapa Amapá participou da 29ª Assembleia de Avaliação e Planejamento dos Povos e Organizações Indígenas do Município de Oiapoque (APIO), evento realizado pelo Conselho dos Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO). A instituição de pesquisa foi demandada para avaliar e realizar ações, dentro das suas atribuições, visando amenizar a ocorrência de doenças que atingem os plantios de mandioca.

Na semana seguinte, uma equipe constatou in loco os sinais compatíveis com a doença “vassoura-de-bruxa” da mandioca nas aldeias indígenas Ahumãm, Anawerá, Tuluhi e Tukay. Posteriormente, os mesmos sinais foram detectados nas aldeias Kuahí, Ywawká, Karibuen, Kuai Kuai, Ariramba, Galibi, Lençol, Manga, Zacarias e Japiim.

De acordo com a Nota Técnica da Embrapa Amapá, por ocasião da detecção dos primeiros sinais da doença, hastes de mandioca infectadas foram transportadas para o Laboratório de Proteção de Plantas da Embrapa Amapá, visando ao isolamento do provável agente etiológico da doença em condições de laboratório.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, no Diário Oficial da União (DOU) desta quinta-feira (20), a Portaria nº 1.257, que institui o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Vassoura-de-Bruxa da Mandioca (PVBM). Causada pelo fungo Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae), a doença está relacionada na lista oficial de pragas quarentenárias presentes para o Brasil. Atualmente, a praga ocorre em seis municípios da região norte do estado do Amapá.

Em Minas Gerais, as ações de defesa sanitária serão realizadas junto ao Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA). Segundo a norma, fica proibido o trânsito de plantas e partes de plantas de espécies hospedeiras da praga oriundas de municípios com ocorrência da doença.

O Mapa ressalta ainda que a “vassoura-de-bruxa” da mandioca não tem qualquer relação com a vassoura-de-bruxa do cacaueiro. O fungo também não representa qualquer risco à saúde humana, apesar de ser altamente destrutivo para as lavouras de mandioca.


(*) Engenheiro-agrônomo; fiscal estadual agropecuário do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA); presidente da Associação dos Profissionais de Engenharia e Agronomia de Governador Valadares (ASPEA-GV); professor universitário; especialista em solos e nutrição de plantas e em geografia, meio ambiente e sustentabilidade. As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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