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A vaia, a foto… e a recompensa

Luiz Alves Lopes

Ressaca de final de ano à parte, os dois primeiros meses do calendário civil da outrora Princesa do Vale, hoje uma envelhecida precocemente cidade do Leste de Minas Gerais, trazem consigo duas importantes e significativas datas.

No dia 30 de janeiro se comemora o aniversário da cidade, dia de sua emancipação política, e que normalmente conta com exaustivo calendário festivo próprio para tais oportunidades. Nos últimos anos não tem sido diferente, merecendo aplausos em quantidade.

Também muito importante, no dia 13 de fevereiro o aniversariante é nada menos do que o Esporte Clube DEMOCRATA – O Democrata Pantera da rua Osvaldo Cruz, nosso representante maior, orgulho de sua gente, de sua torcida e de todo o valadarense.

Historiadores, escritores e outros apaixonados têm legitimidade para total, ou parcialmente, dissertarem sobre a trajetória do alvinegro em seus quase 100 anos, narrando suas conquistas, suas adversidades e seus encantos. Podem e devem fazê-lo…

Somos contadores de histórias, de ‘causos’ e de situações vividas em determinadas ocasiões e que dizem respeito ao esporte valadarense como um todo. De Walter Melo – o Valtinho ou Diabo Loiro como queiram -, certamente ídolo maior do clube da Osvaldo Cruz (antigamente da Afonso Pena), ouvimos maravilhas. Apenas ouvimos… Certo, professor Marcelo?

Mas vimos JOTA, Juca, Nagel, Vicente, Lúcio, Carlos Antônio, Luiz Augusto, Décio Amaral, Chico, Tuca, Alecir, Ruy Moreira, Apolinário, Cocó, Carioca, Zé Leonídio, Clóves, Celso, Rolinha, Professor Marcelo, Aloisio, Tonho, Elcy, Juci, Itamar, Cacau, Alemão, Toninho, Coutinho, Valter Cardoso, Marco Antônio, Crispim… e muita gente a seguir.

Aqui e agora não vamos falar de JUVENAL, ZIQUITA & CIA…, integrantes de agrupamentos outros, não menos exuberantes e que comportam coluna específica. Certo, doutor Welington? Concorda, Bolivar? E Roberto Felipe, Timburé, Washington e outros tantos, ainda vivos em nossas memórias?

Pois é, no dia 30 de janeiro de 1973, aniversário da cidade, o MUNICÍPIO de Governador Valadares promoveu a realização da partida entre Democrata Pantera x Misto do Cabuloso das Minas Gerais, no estádio (à época) Magalhães Pinto.

Em final de carreira, Manoel Francisco dos Santos – MANÉ GARRINCHA – participava de jogos festivos em cidades do interior do país. Por iniciativa do grande botafoguense Ubiracy de Brito, de saudosa memória, fora acertada a presença de GARRINCHA defendendo as cores do clube valadarense na mencionada partida.

Início de ano, início de temporada, à frente do Democrata como treinador estava a figura de Ari de Oliveira, ex-goleiro do América do Rio e campeão carioca em 1960. Profissional correto, humilde, simples e muito sincero. Não se sabe ao certo se o motivo foi outro, o certo é que o treinador, alegando estar montando sua equipe para futuras competições, vetou o aproveitamento de Garrincha na oportunidade.

Foi um ‘deus nos acuda’! E Ubiracy de Brito, com muita habilidade, competência e prestígio, diligenciou junto ao Cruzeiro de BH para que Mané atuasse pelo clube da capital no amistoso em Valadares. A visão de marketing do Cruzeiro salvou a ‘lavoura’.

Estádio lotado, ao entrar em campo uma estrondosa vaia é direcionada aos atletas democratenses, com direito a coro especial para seu capitão, verdadeiramente um líder e de muita influência nas hostes democratenses. O torcedor queria MANÉ trajando a camisola de seu clube do coração. Ficou na vontade…

A vaia especial recebida, juntamente com uma simbólica camisa 7 da seleção brasileira, se traduziu em foto que viralizou o mundo, foi parar em jornais, livros, revistas e no museu do clube celeste em BH, traduzindo-se em imensurável recompensa para um futebolista mediano do interior das Minas Gerais. Está ele ao lado de uma lenda chamada Mané Garrincha. Mas a vaia doeu… E muito!  Recordar é viver!


(*) Ex-atleta

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal.

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