Em 1987, Humberto Gessinger, cantor, compositor, talvez profeta, mencionou na canção “Terra de Gigantes” a odisseia em que jovens daquela época já passavam: uma falsa felicidade gerada pelo consumo. Digo não só de uma guitarra elétrica, como mencionado na música, mas por produtos e estilos de vida que trazem uma alegria temporária, supérflua talvez, mas, me perdoe a antítese, completa de vazios.
Humberto é um grande observador do ser humano. Em todas as canções expõe feridas, dores, sentimentos e cicatrizes universais. Tanto que apesar de “Terra de Gigantes” ter sido composta há 36 anos, ainda é atual. Aliás, como nunca! Segundo a Organização Mundial de Saúde, o suicídio, vamos falar rasgado, é a segunda causa de mortes entre os jovens de 15 a 29 anos.
Infelizmente, nossos jovens precisam de atenção. Relatos de autoextermínio e suas inúmeras tentativas são frequentes. Crianças deprimidas, ansiosas, com pânico! Que tristeza! Me pergunto onde erramos como sociedade e o que pode ser feito para reverter o cenário.
É claro que não pretendo generalizar, nem classificar a juventude, por completo, como depressiva ou como ‘nutella’, termo usado por alguns de forma depreciativa para diminuir ou tratar como inferior quem não tem a mesma força ou experiência de vida. O objetivo é que mais pessoas reflitam sobre o tema e conversem com seus filhos, netos, sobrinhos ou mesmo amigos. Principalmente porque quando a boca cala o corpo fala.
“Nessa terra de gigantes, que trocam vidas por diamantes”. Como mencionado por Gessinger, o consumismo nunca será a solução. Trocar atenção, carinho e tempo por brinquedos, celulares e tablets nunca trará a mesma felicidade. Quando seu filho (a) estiver adulto, pouco fará diferença o que ele teve ou deixou de ter. O que trará sentimentos de paz, alegria e saudade será o tempo gasto com ele!
Precisamos voltar a expressar sentimentos que não sejam emojis. Diga que ama, diga que gosta, diga que se importa, diga que está tudo bem não ser perfeito, mas diga. “Pois agora lá fora o mundo todo é uma ilha. A milhas e milhas e milhas de qualquer lugar”!
Talvez precisemos nos libertar do desejo de ser gigantes e começar a pensar como os pequenos. Talvez um dia a sociedade faça isso e a “Terra de Gigantes” passe a ser “Terra dos Jovens”. Tenho certeza que o mundo seria melhor!
Se ainda não conhece essa linda canção dos Engenheiros do Hawaii, deixo em anexo um código QR para conferir a música completa no Youtube.
(*) Jornalista formado pela Univale e Editor-Chefe do DIÁRIO DO RIO DOCE
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