A alta da inflação não pesa apenas no bolso do brasileiro, mas também na saúde do seu coração. Com o aumento dos preços dos alimentos, muitas famílias são forçadas a adaptar suas compras, priorizando produtos mais baratos. O problema é que, na maioria das vezes, essa escolha leva ao consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, ricos em gorduras trans, sal e açúcar. E as consequências vão muito além da balança.
Uma alimentação baseada em ultraprocessados não apenas favorece o ganho de peso, mas também está diretamente ligada ao aumento da prevalência de doenças cardiovasculares, como hipertensão, infarto e AVC. Isso ocorre porque esses alimentos promovem inflamação no organismo, elevam os níveis de colesterol ruim (LDL) e desregulam o metabolismo, criando um ambiente propício para complicações cardíacas.
Estudos mostram que países onde a população tem menos acesso a alimentos in natura e minimamente processados apresentam índices mais altos de doenças crônicas. No Brasil, não é diferente. A cada ano, aumenta o número de internações e mortes relacionadas a doenças cardiovasculares, muitas delas evitáveis com hábitos alimentares mais saudáveis.
O desafio é grande, pois a mudança não depende apenas da consciência individual, mas também de políticas públicas que garantam acesso a alimentos saudáveis a preços acessíveis. No entanto, dentro da realidade de cada um, é possível buscar alternativas mais saudáveis. Feiras livres, hortas comunitárias e a substituição de produtos industrializados por opções naturais são caminhos possíveis para melhorar a alimentação sem comprometer tanto o orçamento.
O preço da comida subiu, mas não podemos permitir que nossa saúde despenque. Dentro do possível, precisamos priorizar escolhas equilibradas, pois um coração saudável vale mais do que qualquer economia momentânea.
Dr. Lucas Bichara | Cardiologista pela USP | CRM 180164 – RQE 56184
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