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A importância dos ídolos

Walber Gonçalves de Souza (*)

A vida em sociedade acaba por reservar a certas pessoas uma importância e reconhecimento muito além das demais. Elas ultrapassam a barreira do desconhecimento, do anonimato e tornam-se, para muitos, ídolos. Portanto, uma pessoa que representa algo que pode beirar o sobrenatural. Por isso, provocam os mais diversos tipos de emoções e reações.

Acredito que a vida de uma pessoa que ganha a conotação de ídolo não deve ser nada fácil, principalmente em relação à privacidade. Muitos são os exemplos de pessoas que, ao se tornarem famosas, transformaram suas vidas em um pesadelo; não conseguiram lidar com o ônus de uma vida exposta ao extremo.

Por outro lado, tantas outras utilizam dessa mesma fama não só para alcançar o sucesso material, mas também para abraçar alguma causa de cunho social. Assim, alguns utilizam de suas imagens para combater as mazelas da sociedade na qual se encontram, ou até mesmo algumas de repercussão mundial, como a fome, a violência, a educação de péssima qualidade e o preconceito.

Todavia, no Brasil, nossos ídolos não perceberam a importância de suas imagens, não perceberam que suas ações, palavras, ou até mesmo quando se omitem, acabam sendo exemplos para milhares de pessoas. Pois, afinal, a figura do ídolo se torna referência, um modelo ou até mesmo um estilo de vida.

Basta um corte de cabelo, uma tatuagem, uma expressão, um jargão, um sinal, que rapidamente viraliza, tornando-se presente na convivência interpessoal. A ação de um ídolo ultrapassa as barreiras do entendimento, da racionalidade e vira modismo na grande maioria dos casos.

Por isso, a figura que se constrói e ao mesmo tempo se esconde atrás de uma pessoa que se torna ídolo acaba por se tornar de importância social. Situação que vai além de qualquer forma de controle. Pois delas podem surgir ou emergir na sociedade o exemplo que produzem.

Nossa sociedade é repleta de figuras que são identificadas como ídolos. Mas o que gera estranheza é como a maioria age, que exemplos propaga. Poderíamos nos perguntar, primeiramente, quem são os principais ídolos da nossa sociedade? E, logo em seguida, que qualidades eles propagam? Que exemplos são transmitidos por suas ações?

Parece que podemos agrupá-los em dois grupos. Em um deles, aqueles que se omitem em qualquer ocasião, que chegaram ao auge, mas nunca tiveram a coragem de defender nenhuma bandeira de significância para a sociedade. Já no outro grupo estão aqueles que vivem aprontando, utilizando de suas imagens para propagar justamente aquilo que mais fere a sociedade atualmente: o feminicídio, o abuso contra mulheres, o tráfico, a falsidade ideológica, enfim, situações que denigrem o ser humano.

Já cantava Elis Regina: “nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”. Pelo visto, ela tinha razão, basta apenas querer ver. Talvez aí esteja o problema.

(*) professor e escritor

As opiniões emitidas nos artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores por não representarem necessariamente a opinião do jornal

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