Atualmente, 50% dos parques tecnológicos no Brasil são operacionalizados por universidades, que tendem a atuar por meio de fundações e autarquias. A questão de quem deve gerir esses parques é ampla e permite diversas abordagens e contextos. No entanto, uma coisa é certa: a importância de uma governança diversificada e representativa para o sucesso desses empreendimentos.
Nas semanas anteriores, vimos que os parques tecnológicos funcionam como intermediários entre universidades, empresas e governos, facilitando a transferência de conhecimento e o desenvolvimento de novas tecnologias. E, embora as universidades tenham um papel relevante na operacionalização desses ambientes, é essencial que os conselhos de administração sejam compostos por uma diversidade de atores.
Em 2019, verificou-se que 95% dos parques tecnológicos em operação tinham universidades em seus conselhos. Além disso, esses conselhos incluíam governos municipais (68%), associações empresariais (62%), governos estaduais (51%), federações das indústrias (46%), Sebrae (43%) e representantes da comunidade local (35%). E é nessa diversidade que garantimos que diferentes perspectivas e interesses sejam considerados nas tomadas de decisão.
Assim, uma governança diversificada promove uma abordagem mais equilibrada e abrangente para o desenvolvimento dos parques tecnológicos. As universidades trazem conhecimento acadêmico e pesquisa, enquanto as empresas contribuem com a aplicação prática e a inovação de mercado. Os governos, tanto municipais quanto estaduais, oferecem suporte institucional e incentivos fiscais. Associações empresariais e federações das indústrias podem fornecer insights sobre as necessidades do setor produtivo, e o Sebrae contribui fomentando o empreendedorismo e o desenvolvimento de pequenas empresas.
Dessa maneira, essa abordagem colaborativa cria um ambiente propício à inovação, ao desenvolvimento econômico e à criação de novas tecnologias, beneficiando toda a sociedade. Mais importante do que definir quem irá operacionalizar o empreendimento é garantir que os conselhos dos parques tecnológicos sejam integrados por diversos atores, assegurando que possam atender às necessidades e desafios do mercado de maneira satisfatória.
Portanto, um dos pilares para o sucesso dos parques tecnológicos é a construção de uma governança diversificada e representativa, capaz de promover a colaboração entre universidades, empresas e governos. E no caso do Parque Tecnológico de Valadares, que nasce como uma iniciativa do poder público municipal, é fundamental garantir que essa governança compartilhada, independentemente de quem esteja responsável pela operacionalização, seja implementada, a fim de facilitar a inovação e o desenvolvimento tecnológico em nosso território.
(*) Empreendedor com ampla experiência no desenvolvimento de negócios de base tecnológica, com passagens por Méliuz, Itaú, PicPay e Prefeitura de Valadares. Foi membro do Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação e da Câmara Técnica de Empreendedorismo e Inovação da Bacia do Rio Doce. Instagram: @eutorrente
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