Wanderson R. Monteiro (*)
Os conflitos armados e as guerras são uma constante na história da humanidade desde que o homem surgiu e se multiplicou em famílias e clãs.
Seja conflitos grandes ou “pequenos”, sempre estamos ouvindo falar sobre guerras e conflitos armados. Assim, é comum que todos nós ouçamos falar constantemente sobre a “paz universal”. Um período de tempo, que desejamos que seja para sempre, ou, no mínimo, de grande duração, em que todo o mundo, cada canto e cada parte, todo e qualquer país, seja livre de todo e qualquer conflito armado. Um tempo em que as guerras verdadeiramente não existam, por respeitamos uns aos outros, e não por medo, como a “paz” desfrutará através da “pax atômica”, anunciada por Yuval Harari.
O que Yuval Harari chama de “paz” nada mais é que uma falsa paz, “conquistada” através do medo, e não do respeito mútuo. E, se olharmos os conflitos atuais, veremos que não existe essa paz, e as guerras ainda perduram.
Independentemente da cosmovisão de Yuval Harari, quero destacar o conceito de “paz” apresentado pelo autor em seus livros, a qual ele chama de “Nova Paz”. Em seu livro “Homo Deus”, Harari escreve: “a palavra ‘paz’ adquiriu um novo significado. As gerações anteriores pensavam na paz como ausência temporária de guerra. Hoje a vislumbramos como a implausibilidade da guerra”.
O conceito de “paz” de Yuval Harari tem sua base naquilo que ele chama de “pax atômica” que, por sua vez, tem seu fundamento no medo causado pela ameaça nuclear. Harari argumenta em seu livro “Sapiens” dizendo que “A ameaça de um holocausto nuclear promove o pacifismo”, e diz que “O Prêmio Nobel da Paz definitivo deveria ter sido dado a Robert Oppenheimer e seus colegas que criaram a bomba atômica”.
Ainda no seu livro “Sapiens”, Harari diz que “Finalmente, há paz de verdade, e não só ausência de guerra”, firmado em seu conceito de que “paz de verdade é quando uma guerra é implausível”. Importante destacar que, para Yuval Harari, a “paz de verdade”, o seu conceito de “nova paz”, não se aplica à conflitos regionais – que Harari chama de “conflitos menores” -, como os que ocorrem no oriente médio – região de origem de Harari -, não se aplica à guerras civis, ou a qualquer tipo de conflito armado que não seja de “nível internacional”: o conceito de “paz” exposto por Harari se aplica tão somente aos grandes conflitos internacionais e a uma guerra mundial, o que, em partes, foi desmentido com a guerra na Ucrânia.
Diante disso vale a pena perguntar: a “Nova Paz” exposta por Yuval Harari em seus livros pode ser considerada como uma paz real, como a “paz de verdade”, como diz Harari? Ou podemos enxergá-la e considerá-la como uma falsa ideia de paz?
Particularmente, acredito que a paz que as pessoas do mundo realmente procuram e anseiam vai muito além da “Nova paz” anunciada por Harari. É uma paz que vai muito além da “pax atômica”, conseguida através da ameaça nuclear.
Para demonstrar a redução do impacto das guerras, Harari ainda argumenta que hoje “mais pessoas cometem suicídio do que todas as que, somadas, são mortas por soldados, terroristas e criminosos”. Mas, com um dado tão alarmante dado pelo próprio Yuval Harari, cabe a pergunta: o mundo está em paz? As pessoas estão em paz? Se as pessoas do mundo estivessem realmente em paz as taxas de suicídio seriam tão altas?
A paz que as pessoas procuram vai muito além da improbabilidade de uma guerra internacional, como a “paz” apresentada por Harari, vai muito além da ausência de guerras por medo das armas nucleares e, essa paz que as pessoas procuram a “pax atômica”, apresentada por Harari, não pode dar.
Wanderson R. Monteiro
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia. Acadêmico Correspondente da FEBACLA.
Acadêmico Fundador da AHBLA. Acadêmico Imortal da AINTE.
Vencedor de quatro prêmios literários. Coautor de 13 livros e quatro revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)