Wanderson R. Monteiro (*)
Estamos vivendo em tempos difíceis, onde tudo parece mudar de uma hora para outra, nos tirando o chão e a segurança, fazendo jus a alcunha de “modernidade líquida”, criada por Zygmunt Bauman. Tais acontecimentos em nossa era são reflexos da chamada “pós-modernidade”.
Os teóricos pós-modernos são unânimes em dizer que a complexidade é uma das maiores características da pós-modernidade, de forma que tudo o que existe no mundo, tanto de forma prática ou teórica, precisa ser analisado sobre todos os ângulos existentes para se chegar, talvez, a uma possível solução, defendem os pós-modernos. No mundo pós-moderno, as soluções simples se tornam cada vez mais escassas, e essa “complexidade” abre portas, até mesmo, para a “justificação” de possíveis contradições.
Atualmente, em meio a tal complexidade pós-moderna e suas possíveis contradições, com nossa limitada compreensão, exaltamos o progresso e a evolução científica, atualmente com um grande foco na Inteligência Artificial, progresso esse causado pela revolução tecnológica. Mas tememos os novos conhecimentos e horizontes que nos foram apresentados a partir de tal revolução, e também vemos que tal progresso tecnológico também tem nos trazido grandes problemas, e em alguns casos, mais problemas do que soluções, consequência do mau emprego do mesmo.
Precisamos parar de fantasiar e romantizar as “evoluções” que vemos, enquanto temos nossa visão limitada, sem nos aprofundar nas consequências que as mesmas nos trazem, vindas da má intenção e do mau emprego por parte de pessoas inescrupulosas ou mal preparadas, crias de nosso “mundo moderno”, um mundo que visa o lucro financeiro a qualquer custo.
Quanto mais caminhamos e nos engajamos rumo à modernidade, mais ignorantes parecemos ficar. Quanto mais “moderno” o homem se torna, mais atitudes animalescas e ignorantes o homem do século XXI demonstra em suas ações, principalmente em relação ao respeito e igualdade em todas as suas relações.
Atualmente, é fácil de observarmos que a tecnologia nos deu a capacidade de nos comunicar e manter contato com pessoas distantes instantaneamente, o que era impossível e impensável há alguns anos atrás.
Da mesma forma que a tecnologia nos uniu com pessoas distantes, a mesma tecnologia separou famílias dentro de suas próprias casas. A medicina e a indústria farmacêutica avançaram de maneira alarmante, mas milhares ainda morrem por doenças consideradas simples. A produção de alimentos e a tecnologia em todo o seu processo também avançaram e aumentaram, mas a fome ainda continua matando milhares. O saber e o conhecimento se multiplicam a cada dia, mesmo assim vemos pessoas que dizem possuí-los se mostrarem como completos ignorantes. Assim, com todo o avanço, ainda vemos ações e vivemos em regiões tão retrógradas, tão incondizentes o tão alarmado “progresso”. Dessa forma, vivemos presos na complexidade e nas contradições de nossa era.
Como diz Rubem Amorese em seu livro “Icabode”: “Tempos modernos… Tempos de profundas contradições.”
(*) Wanderson R. Monteiro
Autor do livro “Cosmovisão Em Crise: A Importância do Conhecimento Teológico e Filosófico Para o Líder Cristão na Pós-Modernidade”.
Dr. Honoris Causa em Literatura e Dr. Honoris Causa em Jornalismo.
Bacharel em Teologia, graduando em Pedagogia. Acadêmico Correspondente da FEBACLA.
Acadêmico Fundador da AHBLA. Acadêmico Imortal da AINTE.
Vencedor de quatro prêmios literários. Coautor de 13 livros e quatro revistas.
(São Sebastião do Anta – MG)
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